terça-feira, 27 de maio de 2008

O quem?

quem empurra
na ponte que cai?
mas se a ponte cai
alguém a derruba
ou só empurra
aquele que cai?

Rodrigo Sluminsky


+++ Etecetera


confirma
tudo que
respira
conspira

Paulo Leminski

sábado, 24 de maio de 2008

Amanhã

Eu te imploro mais um dia de ausência
Para que me proíbas de desfrutar teu ser
Enquanto meus braços estiverem atados
Nesta antiquada e doentia probidade
Quero que entendas a minha comichão
De um pobre ser humano miserável
Sem jardins para colher as tuas flores
Como um ébrio coletando êxtases pelo ar
E só peço que não te sumas da fantasia
Mesmo desacostumado com tua ausência
O amanhã tem lugar cativo no barquinho
Que ruma virtuoso e belo sobre as nuvens
Tudo que ouviste acerca do sol e do tato
Está muito bem guardado lá no porão
E eu te procurarei no escuro, meu anjo
E vejo um futuro que não tem tamanho.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

The Sweetest Gift, Sade

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um tempo de alienação

Um tempo de alienação
Tatos de poliglota.
Desejos desvairados?
Ultimato militar!
Castelo de argila,

Beijo apaixonado e
Máquina de dançar.
No alto, o horizonte
E a cama sobre o mar.
Se anseio o rarefeito
Na verdade quero já!
Esse mundo gira torto
Mas nem todo dia
Tropeçamos no azar!

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Soundtrack from "Into the Wild", by Eddie Vedder

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Delírio

imóvel,
um toque de jasmim
trouxe à alma o afago
e o que eu trago?
um trago, no botequim
será o fim? não!
com calma, um abraço
no espelho da ilusão
até pedra alça vôo.

Rodrigo Sluminsky







+++ Etecetera

Elegie op. 3 n° 1, Sergei Rachmaninov

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Palavras

Não sou cara de palavras!
Ao menos as palavras ditas
Ouvidas pelos que vêem.
M'aprecia bem guardá-las
E somente as proferir
Quando aos olhos me convém.
Fico aqui, a meditar
Um pensamento, um lugar
Para aquelas que perdi.
Prefiro a palavra escrita
Talvez por escondida
De quem não a contém
Porque as palavras não ditas
Que os olhos não enxergam
Essas sim, poucos tem.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Villa-Lobos, por Astor Piazzola

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Gangorra da Vida

Como pode a queda cair assim
tão de repente,
nos braços de quem tutela
laços e sentimentos tão sinceros.
Pode ser que a queda seja falsa
- uma pseudo-queda!
Alarmando nervos e passos em vão...
Ou pode ser que tu se enganas
pensas que escolheste o lado certo
e nem imaginas que caíste
na queda mais profunda...
Mas se a queda cai assim
enquanto mantiveste a pose
ou tu quem cai
enquanto a queda fica,
a queda e tu, ou tu e a queda
nada mais são do que uma gangorra
A gangorra da vida!
Que equilibra tu e a queda,
enquanto a queda cai, o outro fica.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Eu, Malika Oufkir, Prisioneira do Rei, Malifa Oufkir e Michèle Fitoussi