domingo, 24 de abril de 2005

Marcha fúnebre

Tristeza sem fim
tira a mão de mim
não percebe que nós
estamos mortos há muito tempo

Gelado demais
depois de findos os carnavais
e ainda assim
brincam com nosso corpo

Chuva d'água molhada
que vem descendo a estrada
corre por todos os lados
fazendo chuá-chuá

Cama do lençol vermelho
não tem reflexo no espelho
aquele que um dia foi
e não mais pode acordar

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Manhã de Carnaval, Luiz Bonfá/Antônio Maria

Noite na Taverna, Álvares de Azevedo

quinta-feira, 7 de abril de 2005

Trote a galope que pára quando puder

"Se não pode dizer que existe algo a procurar, ainda mais nesses dias, fatigantes e supérfluos, que tardam a acabar de nascer - quando o fazem - , e pelo cansaço pôem-se a dormir, com olhos entre-cerrados, de vigília para o amanhã, sem nunca esquecer de lembrar os píncaros da derrota que os afugentara antes do amanhecer. Mas sim, o tempo se move pelas nossas mãos, sujas de brigadeiro - ou o doce feito com leite condensado - preparado de coração vazio, alguns dias atrás, e devorado até o fim, sem remorso ou compaixão. E é desse jeito que o dia nasce e continuará a nascer: imundo e sem coração!"

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Metropolitan Museum of Art