Acho que a morte
Não é o que assola
O que me assola
Cogitando melhor
É a falta de vida
Sequer pretendia
Essa consideração
É que se anda
Contando passos
Evitando sorrisos
Nem bem sei
Se é cansaço
Preguiça, asco
Pouco importa
Uma vida vadia
Vai que se nota
Tem seu espaço
O tempo vencido
Conversa mole
Um marcapasso
Coisas desse tipo
Transformam a vida
No prólogo da morte
Mais do que a dor
O luto e a memória
É a privação do tempo
Da vida e das pessoas
Da cor e do cheiro do mar
Das noites enluaradas
Dos dias de sol no inverno
Pior do que morrer
Digo eu, convicto
Apesar do leito da morte
É deixar de viver
Isso sim é assolador
R.Sluminsky