Fio da Vida
Já fiz mais do que podia
Nem sei como foi que fiz.
Muita vez nem quis a vida
a vida foi quem me quis.
Para me ter como servo?
Para acender um tição
na frágua da indiferença?
Para abrir um coração
no fosso da inteligência?
Não sei, nunca vou saber.
Sei que de tanto me ter,
acabei amando a vida.
Vida que anda por um fio,
diz quem sabe. Pode andar,
contanto (vida é milagre)
que bem cumprido o meu fio.
Thiago de Mello
E quem teria a pretensão de dizer coisa mais certa? Alguém poderia me dizer, por favor? Ou vocês pensam que isso é uma ruanice, que estamos aqui para completar um ciclo e que, quando Deus vier nos salvar, nada de pecado irá nos restar. Nada, nem mesmo a vaga inocência, será lembrado após a supressão da ternura.
Somente levará consigo a incapacidade de não conseguir fazer o que deveria ter feito!
+++ Etecetera
www.ims.com.br
Unforgettable, Nat King Cole
quarta-feira, 28 de abril de 2004
segunda-feira, 19 de abril de 2004
Tratado sobre o nada
Dia desses estive pensando em duas possibilidades. Claro que havia muitas outras coisas para colocar na lista, mas, em essência, somente estas duas possibilidades eram reais. Mesmo porque a realidade deveria preponderar na escolha dos juízos. Não que isso seja regra. Foi da imaginação de Ferdinad Pourroit, por exemplo, que a humanidade conseguiu avançar nos estudos científicos mais importantes. Mas nesse caso, era indispensável que a escolha fosse feita dentre essas duas possibilidades.
O processo de tomada de decisão foi muito difícil. Descartar determinados pontos, que certamente não eram descartáveis, causou-me embolias incessantes. O medo não estava presente como aquele conselheiro fiel, de todas as horas. Minhas pernas tremiam mesmo, e só de pensar em tomar a decisão errada meu ventre arrefecia-se a calafrios. Então, intempestivamente, colcluí que somente superaria minhas expectativas se instituísse um parâmetro altamente eficaz para a resolução de conflitos inter-neuroniais. Escolhi que as pessoas são mais importantes e hoje isso é a baliza mais importante das minhas atitudes. Quando fujo dela, o ressentimento é insuportável!
Ps: Não havia possibilidades. Não conheço nenhum Ferdinad Pourroit. O que há são sentimentos. O resto a vida se encarrega de destruir! Aliás, lembra-se daquela coisa, importantíssima, que você adora? Pois é! Ela não é nada sem a lembrança. Nada mesmo!
+++ Etecetera
As Bicicletas de Benneville (França-Bélgica, 2003)
Direção: Sylvain Chometco
Una Mañana, Cafe Tacuba
Dia desses estive pensando em duas possibilidades. Claro que havia muitas outras coisas para colocar na lista, mas, em essência, somente estas duas possibilidades eram reais. Mesmo porque a realidade deveria preponderar na escolha dos juízos. Não que isso seja regra. Foi da imaginação de Ferdinad Pourroit, por exemplo, que a humanidade conseguiu avançar nos estudos científicos mais importantes. Mas nesse caso, era indispensável que a escolha fosse feita dentre essas duas possibilidades.
O processo de tomada de decisão foi muito difícil. Descartar determinados pontos, que certamente não eram descartáveis, causou-me embolias incessantes. O medo não estava presente como aquele conselheiro fiel, de todas as horas. Minhas pernas tremiam mesmo, e só de pensar em tomar a decisão errada meu ventre arrefecia-se a calafrios. Então, intempestivamente, colcluí que somente superaria minhas expectativas se instituísse um parâmetro altamente eficaz para a resolução de conflitos inter-neuroniais. Escolhi que as pessoas são mais importantes e hoje isso é a baliza mais importante das minhas atitudes. Quando fujo dela, o ressentimento é insuportável!
Ps: Não havia possibilidades. Não conheço nenhum Ferdinad Pourroit. O que há são sentimentos. O resto a vida se encarrega de destruir! Aliás, lembra-se daquela coisa, importantíssima, que você adora? Pois é! Ela não é nada sem a lembrança. Nada mesmo!
+++ Etecetera
As Bicicletas de Benneville (França-Bélgica, 2003)
Direção: Sylvain Chometco
Una Mañana, Cafe Tacuba
quarta-feira, 7 de abril de 2004
O astro (in)visível
À Lua ofereço minha fidelidade
Lua cheia, imperiosa
que no céu, permanece
que o sol vai invadir
À mente proíbo a sobriedade
Mente vazia, prepotente
que no céu, desaba
que o sol nunca vai invadir
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Birdland, Charlie Parker
www.allaboutjazz.com/index.html
À Lua ofereço minha fidelidade
Lua cheia, imperiosa
que no céu, permanece
que o sol vai invadir
À mente proíbo a sobriedade
Mente vazia, prepotente
que no céu, desaba
que o sol nunca vai invadir
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Birdland, Charlie Parker
www.allaboutjazz.com/index.html
segunda-feira, 5 de abril de 2004
Violência psicológica
É facilmente perceptível como as pessoas andam sem metas concretas para suas vidas. E não se trata somente de adolescentes que não têm, ainda, o discernimento para determinar tal objetivo substancial.
Aquilo que Weber chamava de "desencantamento do mundo" está amplamente recuado na sociedade contemporânea. Em sentido estrito, na época ele explicava isso como sendo um "um longo caminho no qual as concepções mágicas e religiosas do mundo vão sendo substituídas por uma concepção racionalizada da existência." (SELL, C. E. p. 128) Esse processo de racionalização de condutas, hoje, é tomado de modo inverso. As pessoas cada vez mais buscam na futilidade o sentimento de liberdade. Mistura-se o conceito com a finalidade, restando tudo na superficialidade. Enquanto as diferentes religiões, ou facções, atraem seus missionários, enquanto a invasão das telecomunicações não são contidas, enquanto os excessos não puderem ser comedidos, nada restará eficiente.
Na prática, o que vemos é uma pressão psicológica amplamente disseminada, impondo condutas e exigindo respostas precisas e lineares. Temos que assistir aos programas de televisão mais idiotas, temos que ler aquele "best-seller", temos que fazer aquilo daquele jeito etc. Aqui não se fala em violência física, mas da mais pura opressão que um ser humano pode receber, quase que tendo seu direito ao desenvolvimento anulado.
Deve ser chato pra caramba, por exemplo, ler um texto como esse. Na maioria das vezes o resultado não é obtido imediatamente. Claro que posso facilitar para vocês, com exemplos que se enquadrariam perfeitamente em nossas vidas. Inclusive exemplos que aprendi com amigos ou que simplesmente vivenciei, que comprovam essa violência silenciosa.
(i) Imaginem vendar uma pessoa, sugerindo o início da prática da tortura. Pegue um ferro bem quente, um bife e um gelo, récem tirado do congelador. Ao mesmo tempo que colocar o ferro quente no bife, coloque o gelo na nuca do cabra. Em hipótese, não há violência física, percebem?
(ii) Mais facilmente perceptíveis são as mazelas que os telefones celulares causam nas pessoas. Quantas vezes, lembremos todos nós, ficamos nervosos por causa dessa porra e dos péssimos serviços que nos são prestados? E o pior é que não há argumentos que me convençam de sua necessidade extremada, como acontece hoje. Ficamos nervosos à toa, deixamos os outros nervosos e todos se descontentam.
(iii) Pare e preste atenção à sua volta. Quantos tipos de barulho você consegue identificar? Três, quatro, dez? E quantos mais você não consegue? Poluição sonora é uma faceta da violência psicológica que pode ser a grande causa do estresse nas pessoas que moram nas grandes cidades.
(iv) E será que até no ônibus eu tenho que ficar me indispondo à toa? Ouvindo baboseiras sem precedentes, sentindo-me inútil à falta de educação rotineira? Sugiro a leitura da crônica "Como comportar-se no bonde", de Machado de Assis.
(v) Por falar em falta de educação, onde estariam os pais com aquelas velhas e tão funcionais palmatórias? Ou dir-me-iam vocês que também é violência psicológica? Prefiro pensar como Maquiavel, que sobreleva o ruim ao pior. Prefiro que meu filho tome umas palmadas (e bem dadas!) quando jovem a ficar um inescrupulosamente devasso.
(vi) Ou vocês gostam de ouvir aquela tal de Solange do BBB4 falando baboseiras? Eu não gosto, mas também não ouço. Pergunto também: quantas baboseiras falamos também, e não nos damos conta disso? Reflexão, muita reflexão!
(vii) E alguém de vocês está preocupado com qual modelo de TV digital o Brasil irá adotar? Pois se está sugiro passar uma semana na " casa de Custódia" de Florianópolis, para saber mesmo o que é preocupante.
(viii) Concordo que a violência física é um precedente muito forte para a violência psicológica. O medo tornou a vida de algumas pessoas insuportável. Pergunto: A aflição vale a pena? Hoje li em um jornal (FSP/Cotidiano, 05/04/2004) que uma moça não está mais preocupada com a violência, pois mandou blindar seu carro. Parece piada, mas será que ela vai viver dentro do carro?
(ix) Como que um supermercado pode cobrar R$ 1,03 por uma caixinha de goma de mascar e R$ 2,77 por duas, exatamente iguais (Supermercados Angeloni)? Experimente conversar com o gerente para ouvir a mais estúpida resposta: "ultimamente temos apostado em uma maneira diferenciada para convencer o cliente que estamos com a melhor oferta"! Você não ficaria psicologicamente abalado?
(x) Sabe, a questão não é suportar ou não o Galvão Bueno logo pela manhã. Mas queremos ao menos ter a possibilidade de escolha, entendem? Eu quero assitir à Fórmula 1, mas juro que adoraria ouví-la (sim, ela mesma!) narrando as patifes do Rubinho, que, aliás, não deixa de violentar psicologicamente o povo brasileiro.
Claro que você pode ampliar o rol de matérias que nos deixam extremamente perturbados. Podemos falar de casamentos falidos, ou mesmo outras relações que desgastam toda a vida dos indivíduos, ou ainda de brigas entre vizinhos e outros conflitos. Mas não seria este o propósito. O objetivo é tentar identificar as causas da falta de tolerância hoje no mundo, inclusive a minha. Deixei de ser tolerante e passei a atuar no mundo como coadjuvante, embora protagonista (e único) de uma história que nem eu sei se terá desfecho. A verdade é que não há mais como suportar tamanha futilidade sem desdenhá-la. Vejam bem, não significa que trataremos isso com mais repúdia. O debate gira em torno da Teoria da Idéias e não do primado da violência. Substituir o debate sadio pela discórdia não é nada positivo nesta sociedade de animais em que vivemos. E é sempre bom lembrar que toda essa retórica de Democracia e Estado de Direito nunca deixou de ser falaciosa em nosso país. Vivemos e por muito tempo viveremos em um Estado de Natureza (Hobbes, Locke, Rousseau). Temos que ser auto-suficientes, com nossa cachola funcionado perfeitamente, para não caírmos nas armadilhas que todos os dias nos são postas.
Como já coloquei, não há pretensão algumas nessas minhas palavras. Estou somente desabafando com vocês algo que todos vivem. Tenho certeza que proporciono também mazelas psicológicas para muita gente, mas o segredo é sempre estar correndo atrás do prejuízo. Temos que pensar na substância que nossa vida está se tornando. É interressante criar mecanismos para auto-avaliar-se periodicamente. Essencialmente, eu utilizo de quatro deles muito bem: (i) conto o saldo positivo de "amigos-do-coração" (porque se for negativo começe a se preocupar); (ii) mantenho uma certa postura ética que, embora não seja a mais aconselhável, dificilmente decresce, e quando acontece, procuro uma eterna reparação; (iii) também me faz bem pensar no número de pessoas que derramariam um choro sincero no leito de minha morte, do tipo "esse filho-da-mãe fez diferença em minha vida", embora pareça loucura; e, por último, (iv) para escapar definitivamente desse tormento psicológico, que afugenta tanta gente, amplio o conceito de soliedariedade e o coloco como guia para minha vida, pragmatizado no aforismo "mal para mim, bem para os outros".
Tudo isso faz parte de uma postura que tem como embasamento primordial a tolerância e o respeito, sempre com o foco na justiça. Cada um deve procurar em si os conceitos que considera primordiais para ampliar essas bases no mundo. Pense nas pessoas em primeiro lugar, sempre. E se elas falharem, não desanimem. Confiança e perdão são também pressupostos para vencermos essa intolerância e esse desrespeito. Falta-nos a sensibilidade para perceber que as pessoas continuam a ser surpreendentes!
+++ Etecetera
Violência Gratuita (Funny Games, Áustria, 1997)
Direção e roteiro: Michael Haneke
Elenco: Susanne Lothar, Ulrich Mühe, Frank Giering, Arno Frish
Entre Quatro Paredes, Jean-Paul Sartre
Peça da Companhia Improvável, do Rio de Janeiro
É facilmente perceptível como as pessoas andam sem metas concretas para suas vidas. E não se trata somente de adolescentes que não têm, ainda, o discernimento para determinar tal objetivo substancial.
Aquilo que Weber chamava de "desencantamento do mundo" está amplamente recuado na sociedade contemporânea. Em sentido estrito, na época ele explicava isso como sendo um "um longo caminho no qual as concepções mágicas e religiosas do mundo vão sendo substituídas por uma concepção racionalizada da existência." (SELL, C. E. p. 128) Esse processo de racionalização de condutas, hoje, é tomado de modo inverso. As pessoas cada vez mais buscam na futilidade o sentimento de liberdade. Mistura-se o conceito com a finalidade, restando tudo na superficialidade. Enquanto as diferentes religiões, ou facções, atraem seus missionários, enquanto a invasão das telecomunicações não são contidas, enquanto os excessos não puderem ser comedidos, nada restará eficiente.
Na prática, o que vemos é uma pressão psicológica amplamente disseminada, impondo condutas e exigindo respostas precisas e lineares. Temos que assistir aos programas de televisão mais idiotas, temos que ler aquele "best-seller", temos que fazer aquilo daquele jeito etc. Aqui não se fala em violência física, mas da mais pura opressão que um ser humano pode receber, quase que tendo seu direito ao desenvolvimento anulado.
Deve ser chato pra caramba, por exemplo, ler um texto como esse. Na maioria das vezes o resultado não é obtido imediatamente. Claro que posso facilitar para vocês, com exemplos que se enquadrariam perfeitamente em nossas vidas. Inclusive exemplos que aprendi com amigos ou que simplesmente vivenciei, que comprovam essa violência silenciosa.
(i) Imaginem vendar uma pessoa, sugerindo o início da prática da tortura. Pegue um ferro bem quente, um bife e um gelo, récem tirado do congelador. Ao mesmo tempo que colocar o ferro quente no bife, coloque o gelo na nuca do cabra. Em hipótese, não há violência física, percebem?
(ii) Mais facilmente perceptíveis são as mazelas que os telefones celulares causam nas pessoas. Quantas vezes, lembremos todos nós, ficamos nervosos por causa dessa porra e dos péssimos serviços que nos são prestados? E o pior é que não há argumentos que me convençam de sua necessidade extremada, como acontece hoje. Ficamos nervosos à toa, deixamos os outros nervosos e todos se descontentam.
(iii) Pare e preste atenção à sua volta. Quantos tipos de barulho você consegue identificar? Três, quatro, dez? E quantos mais você não consegue? Poluição sonora é uma faceta da violência psicológica que pode ser a grande causa do estresse nas pessoas que moram nas grandes cidades.
(iv) E será que até no ônibus eu tenho que ficar me indispondo à toa? Ouvindo baboseiras sem precedentes, sentindo-me inútil à falta de educação rotineira? Sugiro a leitura da crônica "Como comportar-se no bonde", de Machado de Assis.
(v) Por falar em falta de educação, onde estariam os pais com aquelas velhas e tão funcionais palmatórias? Ou dir-me-iam vocês que também é violência psicológica? Prefiro pensar como Maquiavel, que sobreleva o ruim ao pior. Prefiro que meu filho tome umas palmadas (e bem dadas!) quando jovem a ficar um inescrupulosamente devasso.
(vi) Ou vocês gostam de ouvir aquela tal de Solange do BBB4 falando baboseiras? Eu não gosto, mas também não ouço. Pergunto também: quantas baboseiras falamos também, e não nos damos conta disso? Reflexão, muita reflexão!
(vii) E alguém de vocês está preocupado com qual modelo de TV digital o Brasil irá adotar? Pois se está sugiro passar uma semana na " casa de Custódia" de Florianópolis, para saber mesmo o que é preocupante.
(viii) Concordo que a violência física é um precedente muito forte para a violência psicológica. O medo tornou a vida de algumas pessoas insuportável. Pergunto: A aflição vale a pena? Hoje li em um jornal (FSP/Cotidiano, 05/04/2004) que uma moça não está mais preocupada com a violência, pois mandou blindar seu carro. Parece piada, mas será que ela vai viver dentro do carro?
(ix) Como que um supermercado pode cobrar R$ 1,03 por uma caixinha de goma de mascar e R$ 2,77 por duas, exatamente iguais (Supermercados Angeloni)? Experimente conversar com o gerente para ouvir a mais estúpida resposta: "ultimamente temos apostado em uma maneira diferenciada para convencer o cliente que estamos com a melhor oferta"! Você não ficaria psicologicamente abalado?
(x) Sabe, a questão não é suportar ou não o Galvão Bueno logo pela manhã. Mas queremos ao menos ter a possibilidade de escolha, entendem? Eu quero assitir à Fórmula 1, mas juro que adoraria ouví-la (sim, ela mesma!) narrando as patifes do Rubinho, que, aliás, não deixa de violentar psicologicamente o povo brasileiro.
Claro que você pode ampliar o rol de matérias que nos deixam extremamente perturbados. Podemos falar de casamentos falidos, ou mesmo outras relações que desgastam toda a vida dos indivíduos, ou ainda de brigas entre vizinhos e outros conflitos. Mas não seria este o propósito. O objetivo é tentar identificar as causas da falta de tolerância hoje no mundo, inclusive a minha. Deixei de ser tolerante e passei a atuar no mundo como coadjuvante, embora protagonista (e único) de uma história que nem eu sei se terá desfecho. A verdade é que não há mais como suportar tamanha futilidade sem desdenhá-la. Vejam bem, não significa que trataremos isso com mais repúdia. O debate gira em torno da Teoria da Idéias e não do primado da violência. Substituir o debate sadio pela discórdia não é nada positivo nesta sociedade de animais em que vivemos. E é sempre bom lembrar que toda essa retórica de Democracia e Estado de Direito nunca deixou de ser falaciosa em nosso país. Vivemos e por muito tempo viveremos em um Estado de Natureza (Hobbes, Locke, Rousseau). Temos que ser auto-suficientes, com nossa cachola funcionado perfeitamente, para não caírmos nas armadilhas que todos os dias nos são postas.
Como já coloquei, não há pretensão algumas nessas minhas palavras. Estou somente desabafando com vocês algo que todos vivem. Tenho certeza que proporciono também mazelas psicológicas para muita gente, mas o segredo é sempre estar correndo atrás do prejuízo. Temos que pensar na substância que nossa vida está se tornando. É interressante criar mecanismos para auto-avaliar-se periodicamente. Essencialmente, eu utilizo de quatro deles muito bem: (i) conto o saldo positivo de "amigos-do-coração" (porque se for negativo começe a se preocupar); (ii) mantenho uma certa postura ética que, embora não seja a mais aconselhável, dificilmente decresce, e quando acontece, procuro uma eterna reparação; (iii) também me faz bem pensar no número de pessoas que derramariam um choro sincero no leito de minha morte, do tipo "esse filho-da-mãe fez diferença em minha vida", embora pareça loucura; e, por último, (iv) para escapar definitivamente desse tormento psicológico, que afugenta tanta gente, amplio o conceito de soliedariedade e o coloco como guia para minha vida, pragmatizado no aforismo "mal para mim, bem para os outros".
Tudo isso faz parte de uma postura que tem como embasamento primordial a tolerância e o respeito, sempre com o foco na justiça. Cada um deve procurar em si os conceitos que considera primordiais para ampliar essas bases no mundo. Pense nas pessoas em primeiro lugar, sempre. E se elas falharem, não desanimem. Confiança e perdão são também pressupostos para vencermos essa intolerância e esse desrespeito. Falta-nos a sensibilidade para perceber que as pessoas continuam a ser surpreendentes!
+++ Etecetera
Violência Gratuita (Funny Games, Áustria, 1997)
Direção e roteiro: Michael Haneke
Elenco: Susanne Lothar, Ulrich Mühe, Frank Giering, Arno Frish
Entre Quatro Paredes, Jean-Paul Sartre
Peça da Companhia Improvável, do Rio de Janeiro
quinta-feira, 1 de abril de 2004
Tratado 2º sobre o Amor
Ontem foi o dia em que as flores estavam incomparáveis
:época de sinceras ilusões, e desilusões,
e calmaria, e comodismo, e felicidade...
Nada teve a ver com tristeza,
nem a hipocrisia foi protagonista desta história
:simples mente a mente simples, em equilíbrio!
Hoje o dia está azul,
cuja raiva daltônica não se deixa iludir,
de azul, ou vermelho, ou roxo...
Porque também os joelhos não mais suportam a mentira,
ainda que as flores permaneçam cromófilas,
e ainda que sejam pintadas com lápis de cor!
Para amanhã já espero a frustração,
que reunirá a anabolia de viver em paradigmas com a mente
e de morrer em fossas sentimentais com o coração...
E ainda que a tristeza não esteja relacionada;
mentira que não propago à hipocrisia da felicidade
:minha flor predileta continuará sendo a margarida!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nothing Compares to You, Sinead O'Connor
Pico na veia, Dalton Trevisan
Ontem foi o dia em que as flores estavam incomparáveis
:época de sinceras ilusões, e desilusões,
e calmaria, e comodismo, e felicidade...
Nada teve a ver com tristeza,
nem a hipocrisia foi protagonista desta história
:simples mente a mente simples, em equilíbrio!
Hoje o dia está azul,
cuja raiva daltônica não se deixa iludir,
de azul, ou vermelho, ou roxo...
Porque também os joelhos não mais suportam a mentira,
ainda que as flores permaneçam cromófilas,
e ainda que sejam pintadas com lápis de cor!
Para amanhã já espero a frustração,
que reunirá a anabolia de viver em paradigmas com a mente
e de morrer em fossas sentimentais com o coração...
E ainda que a tristeza não esteja relacionada;
mentira que não propago à hipocrisia da felicidade
:minha flor predileta continuará sendo a margarida!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nothing Compares to You, Sinead O'Connor
Pico na veia, Dalton Trevisan
Assinar:
Postagens (Atom)