Dizem que há o tempo certo,
o momento determinado,
o dia especial.
Coisa de idade!
Dizem para estudar,
trabalhar, madrugar,
batalhar, correr.
É o que dizem!
Dizem também para
comer beterraba com
berinjela e
carne de panela!
Dizem ainda que
vício
é coisa do Diabo!
Jesus salva!
Dizem que pecar
é ruim
e que rezar
é bom!
Dizem que para tudo
há o certo e
há o errado.
Certo ou Errado!
Dizem para antes dizer:
- oi!
E para depois dizer:
- tchau!
Dizem que tem
gente
que não é bem
gente.
Dizem que tem
amigo
que não é bem
amigo.
Dizem, então,
que as coisas
são assim mesmo,
complicadas!
Dizem que é normal
querer alguém
que quer
outro alguém!
Dizem que sempre acontece
ouvir um sim
que não tem muito cara de
sim!
Dizem que acontece mais
ouvir um não
que quer mesmo dizer
não!
Dizem eles,
enfim, que
tem coisas
que não se diz.
Eu não digo nada!
Sofro de alguns
preconceitos vulgares
mas pego a estrada!
Prefiro andar,
olhar,
sentir,
e pensar!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Roda Viva, Chico Buarque
terça-feira, 20 de dezembro de 2005
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
Tratado 3º sobre o Amor
Ah, l'amour...
que nos escraviza,
manda e desmanda,
que nos carrega à heresia!
Carrasco que tortura,
e nem nos avisa
do perigo da demanda
de milongar à maresia...
Oh, lágrimas sem cor,
flagrantes na derme branca e lisa,
derradeiras da dor
quando alguém nelas pisa.
Seria uma leviana do destino,
fadada à condessa,
que sê fêmeo,
como que a monalisa!
Imensurável seria voar
ao luar de Lua cheia
e cantar na praia
toadas de areia.
Mas para tudo há o porém,
que censura o Amor
e leva pelos trilhos do trem
o tal de estúpido pudor!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Umbigo do Sonho
que nos escraviza,
manda e desmanda,
que nos carrega à heresia!
Carrasco que tortura,
e nem nos avisa
do perigo da demanda
de milongar à maresia...
Oh, lágrimas sem cor,
flagrantes na derme branca e lisa,
derradeiras da dor
quando alguém nelas pisa.
Seria uma leviana do destino,
fadada à condessa,
que sê fêmeo,
como que a monalisa!
Imensurável seria voar
ao luar de Lua cheia
e cantar na praia
toadas de areia.
Mas para tudo há o porém,
que censura o Amor
e leva pelos trilhos do trem
o tal de estúpido pudor!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Umbigo do Sonho
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
Não-coisa
(...)
No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:
subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisas
em permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.
O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós.
Ferreira Gullar
Trecho do Poema "Não-coisa", extraído dos “Cadernos de Literatura Brasileira”, editados pelo Instituto Moreira Salles — São Paulo, nº 6, setembro de 1998, pág. 77.
+++ Etecetera
Releituras de Ferreira Gullar
Portal Literal
e-Poemas
No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:
subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisas
em permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.
O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós.
Ferreira Gullar
Trecho do Poema "Não-coisa", extraído dos “Cadernos de Literatura Brasileira”, editados pelo Instituto Moreira Salles — São Paulo, nº 6, setembro de 1998, pág. 77.
+++ Etecetera
Releituras de Ferreira Gullar
Portal Literal
e-Poemas
sábado, 10 de dezembro de 2005
Cotidiano
Porque se pensar muito
não anda - para trás ou para frente -,
e ninguém chama isso de vida,
sem cheiro,
sem luz;
estará à frente?
De novo, sucumbir em lágrimas não resolve,
e para os quintos você também,
ócio trangênico,
que atrapalha dois terços do mundo!
Vou voar então,
para onde ninguém me veja - só os pássaros -,
ou mesmo continuarei aqui
pensando que me sentem
mesmo não me vendo...
Porque se pensar muito
não anda
e parado certamente não quero ficar!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll
não anda - para trás ou para frente -,
e ninguém chama isso de vida,
sem cheiro,
sem luz;
estará à frente?
De novo, sucumbir em lágrimas não resolve,
e para os quintos você também,
ócio trangênico,
que atrapalha dois terços do mundo!
Vou voar então,
para onde ninguém me veja - só os pássaros -,
ou mesmo continuarei aqui
pensando que me sentem
mesmo não me vendo...
Porque se pensar muito
não anda
e parado certamente não quero ficar!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll
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