sábado, 28 de abril de 2007

Alguns sim, alguns também

Se você me pergunta
o que não tem resposta
eu te respondo
a pergunta e alguns
dos seus questionamentos
e também alguns
dos seus questionamentos
eu não te respondo
se você não me pergunta
o que tem resposta.

Rodrigo Sluminsky




+++ Etecetera

O Portão, Erasmo Carlos & Paula Toller

terça-feira, 24 de abril de 2007

Batalha Contra a Corrente

Pode chegar o momento
em que todos os deuses
conspiram contra você!

Pode chegar o dia quando
somente tentar resolver
já não é mais o bastante!

Pode chegar a hora em que
toda experiência acumulada
não significa vantagem sua!

Nesses momentos, ou você
pede anistia a Deus e reza,
ou enfrenta logo o mau, sem
sem medo de ser derrotado.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Get Rhythm, Jonnhy Cash

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Em tempo!

É chegada a hora
de enrolar publicamente
o tapete das etiquetas;
largar-se sujo na sarjeta
para manter na mente
tudo que adora.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

O que tinha que ser, Elis Regina & Tom Jobim

domingo, 15 de abril de 2007

Casa de Papel

Ai, casa de papel verde-musgo,
cheia de esmeraldas pardas e
exatas, leva teu encosto para o
mundo deste tosco, esfrega-lhe
o tapete nesse engodo louco, de
cheirinho novo, tudo simétrico e
translúcido, imerso nas linhas
geométricas do crepúsculo, dia
em seu termo final, assassinato
de raios solares, pôr-do-sol sem
condizer à universalidade nem
denominado pela raiz da palavra.

Ai, casa de papel cheia de gente
imaginária, sem janelas, portas ou
privada, sem teto pra esconder
nem paredes pra separar, locais
pra defecar, piscinas pra pular,
ergue-lhes um mundo novo com
idéias e princípios, começo de um
novo hospício, ataca-lhes a praga
e empurra ao precipício tudo o que
me disse anteontem, que não tinha
esquecido de lembrar para sempre
onde na casa de papel está o sol.

Ai, casa de papel que se derrete
em gotas de sorvete de paçoca,
quero ser da roça e meus pés o
chão tocar, me lambuzar imerso
em jabuticabas maduras e lama
até os joelhos, eternamente sujo
de coisas limpas, para quando eu
olhar no espelho ser de novo uma
criança pura, longe da censura de
olhares cristãos e pudorosos, iguais
ao nosso coração, empanturrado de
carinho fértil e carentes de emoção.

Ai, casa de papel mais bonita do

mundo, se fosse um moribundo não
me mudava hoje pra essa casa de
idéias holísticas, atéias, anárquicas,
espaço novo da utopia revolucionária
em lindos versos coloridos e sinfonia

musical e quadros de Picasso, dona
de lágrimas insípidas e abundantes
derramadas por formosas sereias nuas
e pensantes, num universo singular e
delirante, que cospe na alma prudente
para se tornar seu mais lindo amante.

Rodrigo Sluminsky




+++ Etecetera

A Canção da Vida, Mário Quintana