terça-feira, 15 de abril de 2008

Ah, se todos soubessem...

Ah, se todos soubessem...
Fechar os olhos e desconectar
Todas as sinapses de lugar
Ouvir a ira saliente do trompete
Parafraseando sístole e diástole!
Não fossem os alvos, as metas
Os sábados aliciados em vão...
A ternura escorraçada ao acaso!
Se todos pudessem sentir o tato
Das pessoas que nem existem...
Se ao menos se tocassem, estes
Quiçá conhecessem o universo
Encravado naquele grão de areia
O mundo no leito da lealdade,
Todos com suas flores prediletas
Eu com minha adorável margarida
Que nem sei se flor ou se é moça
Mas de tão alva e frágil e bela
Fez de mim um indelével sonhador
E cada qual com seu ópio,
E cada protelado com sua cópia...
Por que cessaram com seus sonhos?
E por que temos que suportá-los
Se cá despretensiosos estamos?
Talvez precisem saber do anseio
Por um cabal grito de liberdade,
Do corpo e do espírito e tudo mais
Necessidade premente da soltura.
Mas não! Preferem os calabouços:
O entranhamento e estranhamento
De sentimentos, a horrenda sentinela
Que nos controla e alucina nosso ar
Com seus alucinógenos vulgares...
Se todos soubessem do resultado:
Que vale o amor, quando explode
Que vale a morte, quando revitaliza.
Tanta coisa maravilhosa à deriva
E os mortais, envoltos na pecúnia?
Triste ser, aquele deveras desolador,
Refutar o auge da loucura por Deus?
Preferir a retitude à sensibilidade?
Deixemo-nos tocar uns nos outros,
Permitamo-nos a mistura de cores...
Só quero um pouco de mim em você
E um pouco de você nela, sem alarde
Uma miscigenação da lascívia alheia
E todos e sempre com olhos no além e
Ouvidos e flancos perpétuos à felicidade.
Oxalá uma vida a esmo e sem carência,
Só a incontinência, desvairada e linda,
E um só tempo para os sempiternos.

Rodrigo Sluminsky




+++ Etecetera

O mundo é um moinho, Cartola

2 comentários:

Unknown disse...

ai, ai...
respiro fundo e suspiro...
vou imprimir...
amo. sempre!

Anônimo disse...

Coisas novas.

Adoro.

:)