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Assolador

Acho que a morte 

Não é o que assola

O que me assola

Cogitando melhor

É a falta de vida

Sequer pretendia

Essa consideração

É que se anda 

Contando passos

Evitando sorrisos

Nem bem sei 

Se é cansaço

Preguiça, asco

Pouco importa

Uma vida vadia

Vai que se nota

Tem seu espaço

O tempo vencido

Conversa mole

Um marcapasso

Coisas desse tipo

Transformam a vida

No prólogo da morte

Mais do que a dor

O luto e a memória

É a privação do tempo

Da vida e das pessoas

Da cor e do cheiro do mar

Das noites enluaradas

Dos dias de sol no inverno

Pior do que morrer

Digo eu, convicto

Apesar do leito da morte

É deixar de viver

Isso sim é assolador

 

R.Sluminsky


Comentários

Anônimo disse…
Que maravilha ver você poeta novamente!⚘
Anônimo disse…
Eu gosto de retornos =)

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