O povo anda trôpego pelas vielas Com máquinas e fardos nas costas Pagos à prestação, emprestados Dos manda-chuva da estação. Os amigos parecem que esquecem Que nem do folguedo ou da orgia Provém o carinho da amizade, mas Dos pedestais da cumplicidade. E a família vive a rodear o problema Compra sorrisos e cumprimentos Em dias e finais de semana, ausente Do alicerce mais íntimo das pessoas. Têm também os outros, de cor e salto No trabalho e na estação, na rádio Gente que acorda depois e dorme mais Que se esquece do dever e do direito. Os malandros não se cansam Tencionam, Pressionam, Ovacionam São os bonifrates de marca maior. Os amigos, delambidos por influência TV, Rádio, Papo, Palanque, Digital O diário nasceu mofado de vergonha. A família, com seus preceitos e genealogia Remonta a uma estirpe que não existe E se existe, já morreu a cada nascimento. Infamante! Pode não ter prudência, mas procedência Pode não ter pudor e nexo, quer sexo Pode não ter honradez, mas dinheiro. E vos chama...