segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Desafogo de espírito

Quem disse que o deserto é feito de areia? Nunca fui ao deserto, nem sei direito o que é areia! Todos os dias pensamos ir a diversos lugares, fazer diversas coisas, mas penamos com as tarefas mais simples. Fazer um bolo parece relativamente simples, mas ainda assim é necessário atitude. Assistir à televisão ou descansar em canapé não requer atitude! Porém determinados assuntos nos cativam opinião, tomada de conduta.

Depara-mo-nos também com os conceitos mais simples possíveis, que deveriam estar explícitos em nosso descrever, como que na ponta da língua. Falar de liberdade, amor, compreensão, parece-nos evidente dizer determinadas coisas, mas quando refletimos alguma coisa soa imprópria. Às vezes até nos é complicado explicar algo, quando não recorremos a aforismos. Não quer dizer que não saibamos, em hipótese, e tampouco há necessidade.

A poesia também não necessariamente precisa ser inteligível. Alto lá quando há segredos sonegados pela claridade, estritamente necessário, diga-se desta maneira. Ainda assim teremos água, terra, floresta, bastante matéria para diversificar; não conheceremos todo o possível, mas e tão somente o que nos é apresentado. Exatamente onde mora o perigo do altruísmo deturpado, da corrupção branca, da falácia.

As pessoas têm um ideal e o seguem, normalmente, mas o tortuoso caminho das pedras a ser trilhado é pesadíssimo para leigos. Facilmente nele um devoto converte-se em pagão e nem por isso titubeia. Também pseudo-sapientes neste mundo podem perder as estribeiras. No entanto, desataviadas verossimilhanças têm seu momento, atualmente. Isso porque quando pensam que pouco se é conhecido, mais sabido as coisas restam. Em outras palavras, como o conhecimento deve ser diversificado, aquilo que para os outros lhe deveria ser conhecido, para seu próprio desenvolvimento como ser humano é simples quimera que a vida proporciona. E nada do que lhe for dito balizará de forma distinta a rota do navegante sonhador em seus devaneios quase que constantes.

Por isso, pedimos aos deuses nos libertar da audácia de viver em reboliços com a mente e em fossas sentimentais com o coração. Somos mortais e por isso lhes devemos respeito, porém a deferência somente estará completa quando as lágrimas dos olhos servirem realmente para afagar a consternação!

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

The Blower's Daughter, Damien Rice

Um comentário:

Anônimo disse...

snif, snif!