- Bom dia - disse o Senhor da barba rala e olhar enviesado. Percebi dele certa angústia no ar, própria das pessoas sem situação definida. Quis perguntar-lhe certas coisas, porém receoso não o fiz. Parecia-me estranho um senhor daquela idade com tamanha insegurança pessoal, ao mesmo aparente. - Bom dia, Senhor - disse-lhe num instante especialmente impróprio, quando minhas palavras misturavam-se a pensamentos incautos e despropositados. Nesse momento um bom percentual de acontecimentos rodeavam a lembrança de minha pouca experiência mundana, quiçá mais que pudesse suportar. Quem dirá sobre as fantasias daquele senhor, aparentando a mais sincera humildade por mim já admirada, depois de já atrofiadas as prepotências terrenas provenientes de anseios indecorosos e posses imbecis. Deve ser mesmo na velhice que percebemos os porquês de tanta frustração pessoal no mundo, embora pareça-me perfeitamente compreensível não percebê-los antes. Somos constantemente bombardeados por informações inútei...