Enquanto perdurar o mar de felicidades,
não tenha dúvidas, minha pequenina
:seja sempre esta doce e ágil menina,
de cabelos grossos e odor insuperável.
Deram-lhe o mundo e em suas mãos
ele estará bem cuidado, adorável, e
amado demais, dilacerado continuará
nosso coração enquanto nossa nau
não atracar em algum porto seguro,
bem pertinho da multidão, para que
vejam e saibam e não se esqueçam
- e todos eles - que o amor persiste.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
As rosas não falam, Cartola
domingo, 24 de dezembro de 2006
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
Futebol
Vou repetir de novo,
putas, meretrizes,
donas-de-casa, cortesãs,
noivas, feministas,
anãs, famigeradas,
atrizes e cadelas,
Não temos medo de viver
intensamente
milhares e milhares e milhares
de paixões e amores e aliterações
cacofônicas e sem sentido.
Às favas com a razão mesmo,
não nos importamos.
Tampouco receamos vocês
beijando nossa nuca
com olhar apaixonado
- que adoramos.
E não esperamos que entendam.
Só queremos de vocês
o perene comunicado,
nada mais que isso.
Queremos muito que digam
sem meias-palavras,
olhando nos nossos olhos:
"Adoro ser menos importante
que o Futebol!"
Isso e somente isso é necessário
para suplantar todas as juras,
todas as promessas que vocês
nos obrigaram - sim, obrigaram -
a fazer.
Queremos que aceitem,
a nossa subordinação,
a nossa fidelidade,
a nossa devoção
pelo Futebol.
Queremos que entendam
que jogar, olhar, torçer,
calcular, vaiar, xingar,
chorar e até matar
são atitudes simples
quando tratamos de Futebol.
E tão cedo percebam, compreendam
e bem queiram (também) nosso Futebol,
desnecessário termos de divórcio,
separações consensuais, litigiosas,
partilhas de bens (entregamos tudo!).
E aceitamos tudo, não nos importamos com nada.
O resto fazemos em um outro dia!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Vasco da Gama / Figueirense Futebol Clube
putas, meretrizes,
donas-de-casa, cortesãs,
noivas, feministas,
anãs, famigeradas,
atrizes e cadelas,
Não temos medo de viver
intensamente
milhares e milhares e milhares
de paixões e amores e aliterações
cacofônicas e sem sentido.
Às favas com a razão mesmo,
não nos importamos.
Tampouco receamos vocês
beijando nossa nuca
com olhar apaixonado
- que adoramos.
E não esperamos que entendam.
Só queremos de vocês
o perene comunicado,
nada mais que isso.
Queremos muito que digam
sem meias-palavras,
olhando nos nossos olhos:
"Adoro ser menos importante
que o Futebol!"
Isso e somente isso é necessário
para suplantar todas as juras,
todas as promessas que vocês
nos obrigaram - sim, obrigaram -
a fazer.
Queremos que aceitem,
a nossa subordinação,
a nossa fidelidade,
a nossa devoção
pelo Futebol.
Queremos que entendam
que jogar, olhar, torçer,
calcular, vaiar, xingar,
chorar e até matar
são atitudes simples
quando tratamos de Futebol.
E tão cedo percebam, compreendam
e bem queiram (também) nosso Futebol,
desnecessário termos de divórcio,
separações consensuais, litigiosas,
partilhas de bens (entregamos tudo!).
E aceitamos tudo, não nos importamos com nada.
O resto fazemos em um outro dia!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Vasco da Gama / Figueirense Futebol Clube
domingo, 17 de dezembro de 2006
Andarilho
tem dias
em que a pessoa
segue o rumo
vai prum lado
e a outra
para outro lado
a estrada é a mesma.
um anda
para frente
o outro
para trás
qual deles
somos nós?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Alma do Mundo, Suzanna Tamaro
em que a pessoa
segue o rumo
vai prum lado
e a outra
para outro lado
a estrada é a mesma.
um anda
para frente
o outro
para trás
qual deles
somos nós?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Alma do Mundo, Suzanna Tamaro
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
A Flecha e a Estrela
Um coração ferido tem sempre
uma flecha e uma estrela no coração.
A flecha tem nome,
estado civil, sobrenome,
endereço certo
e profissão.
A estrela tem tudo isso,
mas só vêem seu codinome
e que perdeu
a razão.
A flecha é soberana,
manda e
desmanda
no coração.
A estrela é solitária,
vive a
divertir
o tabelião.
A flecha machuca por fora.
Num movimento rude,
transforma coronárias
em sangue.
A estrela machuca por dentro.
Assola veias e artérias e
nervos sem derramar
uma gota sequer.
A flecha não depende da estrela para agir.
Por si mesma invade espaço alheio -
assalta terços, princípios, máculas
- a machucar.
A estrela depende da flecha para brilhar.
Por si só não consegue arrogar-se
afável, quista, querida e desejada
para cotejar.
A flecha e a estrela interagem.
A reinar no céu de paixões,
a estrela sorrateiramente sucumbe
e dá azo à devassidão da flecha.
Quisera alguém existir somente estrelas,
mas sempre haverá flechas,
implacáveis e desumanas,
dispostas ao nosso alento desanimar.
Então, de nada adiantará cultivar somente estrelas,
lânguidas e vulneráveis, porque
as flechas se impõem, humilham
nosso capricho de amar e de ser amado.
Temos que cultivá-las, certamente,
hoje e para todo sempre,
mas temos também que combater as flechas,
essas mesmas, acostumadas a machucar.
Lutar e lutar e lutar contra flechas
é mais que necessário a todos aqueles
que desejam manter suas estrelas brilhando;
é uma ordem, categórica.
Porque quanto mais alvos as flechas acertarem,
menos estrelas no céu, tão lindo e belo
que seria injusto e muito triste não mais existir,
todos os dias, dentro do nosso coração.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry
uma flecha e uma estrela no coração.
A flecha tem nome,
estado civil, sobrenome,
endereço certo
e profissão.
A estrela tem tudo isso,
mas só vêem seu codinome
e que perdeu
a razão.
A flecha é soberana,
manda e
desmanda
no coração.
A estrela é solitária,
vive a
divertir
o tabelião.
A flecha machuca por fora.
Num movimento rude,
transforma coronárias
em sangue.
A estrela machuca por dentro.
Assola veias e artérias e
nervos sem derramar
uma gota sequer.
A flecha não depende da estrela para agir.
Por si mesma invade espaço alheio -
assalta terços, princípios, máculas
- a machucar.
A estrela depende da flecha para brilhar.
Por si só não consegue arrogar-se
afável, quista, querida e desejada
para cotejar.
A flecha e a estrela interagem.
A reinar no céu de paixões,
a estrela sorrateiramente sucumbe
e dá azo à devassidão da flecha.
Quisera alguém existir somente estrelas,
mas sempre haverá flechas,
implacáveis e desumanas,
dispostas ao nosso alento desanimar.
Então, de nada adiantará cultivar somente estrelas,
lânguidas e vulneráveis, porque
as flechas se impõem, humilham
nosso capricho de amar e de ser amado.
Temos que cultivá-las, certamente,
hoje e para todo sempre,
mas temos também que combater as flechas,
essas mesmas, acostumadas a machucar.
Lutar e lutar e lutar contra flechas
é mais que necessário a todos aqueles
que desejam manter suas estrelas brilhando;
é uma ordem, categórica.
Porque quanto mais alvos as flechas acertarem,
menos estrelas no céu, tão lindo e belo
que seria injusto e muito triste não mais existir,
todos os dias, dentro do nosso coração.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry
terça-feira, 12 de dezembro de 2006
Desalento
Às vezes estamos assim mesmo
imersos em caducidade crônica
insinuante de passado bem vivido
profeta de futuro desmantelado
chorando mágoas imaginárias
de causas que pereceram
no limbo do esquecimento
e que não voltam mais
ficam pra trás, por bem
e não voltam, não voltam
para nós, que ficamos
com o retrocesso
de restar onde se ficou
inteiramente esgotados
imobilizados por pernas e
braços e órgãos e tendões
inertes em querer se mover
para poder repetidamente
amar e amar e amar
até o desalento eterno
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Modinha (de Tom Jobim), na voz de Olívia Bryngton
imersos em caducidade crônica
insinuante de passado bem vivido
profeta de futuro desmantelado
chorando mágoas imaginárias
de causas que pereceram
no limbo do esquecimento
e que não voltam mais
ficam pra trás, por bem
e não voltam, não voltam
para nós, que ficamos
com o retrocesso
de restar onde se ficou
inteiramente esgotados
imobilizados por pernas e
braços e órgãos e tendões
inertes em querer se mover
para poder repetidamente
amar e amar e amar
até o desalento eterno
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Modinha (de Tom Jobim), na voz de Olívia Bryngton
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
Carinho
Vai-te afago
e nua, e crua
pela rua de carícias
a rodar
Vai-te pesos, e dores
e medidas,
por nuvens cósmicas
a voar
Vai-te chão, e medos
que nessas mãos
quiçá a alma
encostarás
Vai-te antes
que vamos
depois
todos nós
desatar os nós
que atam
essas mãos
que afagam
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
A Really Good Cloak, Mark Isham
e nua, e crua
pela rua de carícias
a rodar
Vai-te pesos, e dores
e medidas,
por nuvens cósmicas
a voar
Vai-te chão, e medos
que nessas mãos
quiçá a alma
encostarás
Vai-te antes
que vamos
depois
todos nós
desatar os nós
que atam
essas mãos
que afagam
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
A Really Good Cloak, Mark Isham
domingo, 10 de dezembro de 2006
Fantasia
Chega o fim de tarde
e ele vem, como quem
passeia na passarela
das personalidades
e vem de longe, do fundo
sem explicar o porquê
não diz onde esteve
mas permanece
sentado à beira da realidade
conversa com a verdade
flerta com a ilusão
e decide enviasado
agir, definitivamente
mas sem titubear
e deixar claro que
é maduro suficiente
para manter na mente
aquilo que é
e o que pretende ser
se um diz crescer
mas quando emerge
lembra que é apenas
um pensamento bobo
nômade e inseguro
acaba por se expressar
da forma mais nociva
à perpetuação da espécie
:a não expressão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Just the way you are, Barry White
e ele vem, como quem
passeia na passarela
das personalidades
e vem de longe, do fundo
sem explicar o porquê
não diz onde esteve
mas permanece
sentado à beira da realidade
conversa com a verdade
flerta com a ilusão
e decide enviasado
agir, definitivamente
mas sem titubear
e deixar claro que
é maduro suficiente
para manter na mente
aquilo que é
e o que pretende ser
se um diz crescer
mas quando emerge
lembra que é apenas
um pensamento bobo
nômade e inseguro
acaba por se expressar
da forma mais nociva
à perpetuação da espécie
:a não expressão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Just the way you are, Barry White
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
Efêmero
Chove, não molha.
Chove, não molha.
Molha, e seca rápido.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Poema Sujo (1976), Ferreira Gullar
Chove, não molha.
Molha, e seca rápido.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Poema Sujo (1976), Ferreira Gullar
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