terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Desalento

Às vezes estamos assim mesmo
imersos em caducidade crônica
insinuante de passado bem vivido
profeta de futuro desmantelado

chorando mágoas imaginárias
de causas que pereceram
no limbo do esquecimento
e que não voltam mais

ficam pra trás, por bem
e não voltam, não voltam
para nós, que ficamos
com o retrocesso

de restar onde se ficou
inteiramente esgotados
imobilizados por pernas e
braços e órgãos e tendões

inertes em querer se mover
para poder repetidamente
amar e amar e amar
até o desalento eterno

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Modinha (de Tom Jobim), na voz de Olívia Bryngton

Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre achei difícil entender poesia... talvez porque tentasse adivinhar as intenções do autor, e portanto não era livre para interpretar. Esta, no entanto, me é familiar. Me lembra uma conversa, depois de várias cervejas, numa noite de domingo. Estando eu certa ou não, fez todo o sentido do mundo! Só tenho uma palavra, simples e suficiente: linda...