quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Um nada romântico

Ânimos exaltados, inanimados
voltas retangulares, milhares voltas
sensações de exaspero singular.
Estou de novo limpo, como quem
acordou amanhã, ou visitou os avós
no interior. De novo me quero bem,
como quem se cerca por protetor
solar, ou quando começa a amar,
paixão efêmera de alguém. Sinto-me
expressamente cuspido do limbo

renovado, com pudor adorado
olhar distante, prudente, enviesado
amante novamente de coisas tolas
ou consistentes ou sinceras, para que
possam também amar e querer bem
mesmo que não tenham ninguém para
amar e saturar de beijos atemporais e
carinhos anormais, justamente agora.

Expelido pela culatra, numa mistura de
sobras e cistos que determinam a vida
como uma ordem que maltrata o elo
entre corações pedintes de si e sós
por eles mesmos, acabo por ser
esse fétido engodo desproporcional
à dilatação espacial forçadamente
colocada em banho-maria, à margem.
Mas, quem será que tem tempo de poder
querer escolher carinhos e beijos e
lágrima e sensações a toda hora?

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Nothing else matters, Metallica

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