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Mostrando postagens de maio, 2007

Sinédoque

Será de fato aceitável recorrer aos deuses para ser mais amável algumas tantas vezes? Ou será mesmo no chão que tudo apodrece ouve-se um grande não e nada mais floresce. Volto a casa, translúcido deixo o tempo passar antes de ter-me partido depois de vê-los ficar. Sou agora somente eu num estado desnatural de pensar efêmero e ateu acintosamente irracional. Quero de mim um décimo do que senti na pele por isso fujo ao máximo de tudo que me flagele. Uma casa, un chauffeur uma mulher importada maison au bord de la mer uma noviça abastada. Que pr'eu parar de proclamar e ver se os deuses resolvem minhas lamentações de amar já que nem mais me ouvem. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Le Petit Prince , Antoine de Saint-Exupéry Les Invasions barbares (France, 2003) Diretor e Escritor:Denys Arcand

Incomum

Passou do tato à memória dizia que não gosta e ela murchou fez papel de tola, jogou a toalha mas ainda assim era de plástico. Juntos os cacos, colou os lados, de canto via-se os olhos entreabertos, fechando a porta que restou aberta depois que o sol se pôs. E enquanto passava o trem destoava com seu barulho novo de onomatopéia: viu, sentiu, lembrou e agora deu saudades. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Carioca , Chico Buarque

Todo mundo quer...

Todo mundo quer apenas um pouco de carinho daqueles bem pequininho, de fazer cair o chão. Todo mundo pensa em fazer muito carinho mas nem todos querem fazer papel de bobalhão. Todo mundo s'imagina distribuindo carinho daqueles sem-vergonha que se tocam de montão. E todo mundo morre sem fazer carinho porque bem atrás da moita s'escapam da emoção. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera All of me , Billie Holiday

Confusão

É necessário exprimir em palavras decrescentes o ódio crescente de estar do mesmo modo que foi dito outro dia quando já não se podia dizer em palavras ausentes sentimentos latentes de restar sem coração deturpado que foi onde apenas havia pensamentos dormentes de propostas decentes desencorajadas a ficar naquele lugar que já não existe mais e puro demais para quem não tem a vertente mormente consistente de mandar naquilo que foi alvo de chacotas e anedotas pudera exprimir tamanha revolta por aniquilar qualquer sentimento de perdão e amor para se perder completamente nas coisas da mente e alimentar um ego arrefecido em lágrimas petrificadas por contemplação e dor de não mais ser lembrado por quem deveria lembrar de pensar todos os dias como a gente era contente em manter um e o outro na mente sem trocar as sinapses de lugar para reformular os momentos deprimentes de angústia e labor e arrancar da mente a ira saliente que insistia em amordaçar os calos do amor que você fatalmente deixará...

Um ser amado...

Um ser amado devia ser naturalmente cortejado e de modo algum corado quando belas palavras escutado. Um ser amado devia ser eternamente idolatrado e deveras vezes perdoado quando erros banais praticado. Um ser amado devia ser simplesmente cultivado e todos os dias adorado mesmo com amor fracassado. Um ser amado devia ser acima de tudo amado! Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Nostalgia , Eduardo Hansch

Liberte-se!

A solução dos problemas está no âmago de todos os anseios dos mortais. Está em mim, em ti, em você, todas as respostas que procuramos nós encontramos na lacuna mais cavada, no buraco mais profundo, exatamente aquilo que queremos e o que pensamos ser, um objeto anacrônico imerso na infelicidade de não estar no tempo e no espaço da resposta que não quer ser encontrada. Mas se queremos mesmo ser aquilo que de fato não é vivamos agora a mais bela e constante mutação que poderíamos suportar, não prescindível de nada, deveras impenetrável. Se exigimos de fato ser as coisas que desejamos viver naquele dia que não chega, retiremos dias e anos desse tempo pródigo de amor e carinho imediatos, sentimentalidades que pretendem de você e de mim e de ti qualquer coisa melhor que outrora, coisa própria de si , sem dono sem espaço definido para seu âmago se acomodar e sem tempo, sem tempo para se curvar. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Um céu numa flor silvestre: a beleza em todas as coisas , Rubem Alv...

Paisagem

Entre as pedras via-se o retrato escuro da noite. A estrela, onisciente e solitária, testemunhava todos os momentos daquela nostalgia sem fim. Para todo lado silêncio, calmaria surreral e constante. Nada, absolutamente nada para mitigar o ópio de se deliciar com o prazer dessa contemplação. Se fui eu quem trouxe o espírito terno da concórdia imerso nesse habitat natural dos poetas - o coração sentido por aves, peixes, sentido por anjos e sereias, Quero ser para todo o sempre uma espécie de locomotiva da felicidade, que traz à tona todos esses sentimentos de ternura e dor, contemplação e ódio - não aflorados até então. Nas pedras residia ainda o espírito sincero da simplicidade proveniente daquela singular estrela, formosa fonte de luz capaz de enfeitiçar todas as coisas e a todos ao seu redor. O silêncio - interrompido pela locomotiva de sentimentos ago ra já aflorados, é substituído por palavras doces, espasmos de alegria que a todos contagia, com sorrisos de algodão no céu! Rodrigo ...