terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Dia e Noite

O dia me consome e não me pertence.
Perturba-me em fadigas memoráveis
Permanecer vivo assim, todos os dias
E à noite arrefecer mórbido na triste
Cama tão bem acolchoada de Maria.
Desvarios plurais e sujos insistem em
Abarrotar meu corpo ao amanhecer.
Resisto às pedras arrojadas em cada
Singular vértebra e costela do corpo.
Esse frio matutino, disforme e sombrio
Adultera o entusiasmo carnal da noite.
Lutamos contra esse monstro, que há
Mais em mim que outrora percebiam,
Quimera forte e soberana da manhã,
Apoiada por essa sociedade indecorosa.
Eu estimo o feio e o desproporcional,
Nada de castidade na minha solidão.
E desse sol, que insiste em machucar
Espero nada mais que o sumiço, para
Que o feitiço da lua sobrecarregue as
Energias que de mim o dia consumiu.

Rodrigo Sluminsky



+++ Etecetera

Picture Of My Life, Jamiroquai

Um comentário:

Anônimo disse...

Noite e dia, questão de acontecimentos,
Se nossos dias fossem desfrutados em
Pasárgada, talvez o que seria consumido seria
nosso desejo de ser consumido, mas, de forma revigorante!
Beijos e adorei este especialmente, pois,
sempre gostamos daquilo que nos identificamos......
:)