Sou distinto, leve, esquisito, de pensar efêmero, humor passageiro. Eu sou não o que quero, deveras o que penso; sou o que sou, não o que devia sê-lo. Não sou comum, embora devesse; não sou regular, embora quisesse. Sou cara de idéias emprestadas, de princípios misturados, analizados, renovados, de padrão singular. Minha distinção não está na nobreza, mas na beleza do coração. Meu descaso não é com a luxúria, mas com a ternura em escassez. Por isso, choro sem lágrimas, sorrio sem lábios, beijo sem língua. E não sou assim porque quero, eu sou, e não há nada que o mundo possa fazer para mudar-me. Na verdade, o mundo é que devia ser mudado por mim. Mas o problema do meu agir é o descomunal anseio de tornar o comum incomum, a vontade incessante de fazer coisas simples da maneira mais complicada possível. Iss o sim é distinção, não aquilo que dizem na televisão, não aquilo que ouço nos bares lá da cidade :fundo do poço! Diferente de igual, diverso da mesmice, dissemelhante dos nossos semelh...