terça-feira, 13 de novembro de 2007

Manumissão

I

Sobressaltos regulares
não cabiam mais nos
lugares predispostos.
O semblante rubro da
insônia companheira,
o tremelicar das pernas.
Tudo convergindo para
o estrondo:
implosão particular do
espectro descontrolado.


II

O bafejo da memória
impulsiona a avantesma
do cerceamento
para além do precipício.
Na terra sem limites
voar fora da asa
não é privilégio
do Poeta.
O estrépito é ouvido
por todo o universo!


III

A escabiosa arrefecida
por tensos devaneios
revolucionários...
Não há mar, não há céu!
Todos os velhos conceitos
foram agora refeitos.
O novo deprime
o vício:
anteparo natural da
manumissão do espírito.


IV

De volta à mansarda
nada seria como antes,
nem miséria ou angústia;
subtileza nas veias e um
âmago todo preenchido
de anarquia.
Eterna contemplação e
nenhum carrasco para impedir
o sorriso desta espécie,
insubordinada por natureza.

Rodrigo Sluminsky

+++ Etecetera
"[...]
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa... [...]"

Trecho de "Liberdade", poema de Fernando Pessoa

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