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Simplesmente

Se me perguntam o que quero não sei dizê-lo, mas, constantemente, fujo do que sei que não quero. Taciturno e perspicaz, entre beijos e antolhos, deusas e prostitutas, metáforas e aliterações, fantasio pr'onde nem sei... E é difícil explicar o quanto isso me basta! Sou Tudo? Sou Nada? Para os que me conhecem, posso ser branco - quando claro - e negro; posso persuadir, amar, sorrir... Posso matar, se irado; posso chorar, se triste. Para eles, posso ser aquilo que sempre sonharam, ou que sempre repeliram. Posso beber, fumar, e ainda ser Tudo, se para eles sou o que lhes resta! Para os que não me conhecem, posso ser branco, negro; posso amar e ser amado, até idolatrado! Ser morto e por isso chorado Posso persuadir, viver, sumir... Posso ser, ou não. Para estes, posso ser aquilo que sempre sonharam, ou que sempre repeliram. Posso beber, fumar, e ainda ser Nada, se para eles sou o que lhes resta! Assim, para os que me sabem e assim o vêem, sou o que me apresento, o que me mostro ser, de ...
Stordito Embaralhado Disse que era o que não é, faz o que não diz e conta o que não fez. Manda onde não pode, fala quando não deve, teme quando encara. Xinga quando é amor, toma quando é sólido e beija sem sabor. Limpa a bunda com o editorial, faz mimetismo de HQ e é viciado em horóscopo. Escreve o que vem na telha, cai num mar de lama e usa poesia para a casa cobrir. Cheira samambaias, joga sementes de arroz para o alto e come pétalas de rosa. Viaja às segundas-feiras e paga a viagem com voador. Roda a bolsinha, rói as unhas do pé e entorta o aro da bicicleta. Bebe álcool de cozinha, cheira baseado e cocaína para o bolo crescer. Fala palavrões, come jerenhoque e serra pinheiros-do-Paraná. Nada borboleta, veste seda e constrói gaiolas. Ri quando se chora, canta quando silencia, breca quando a regra é andar. Caga e anda, anda e caga, urina, e vomita na geladeira. Morre de frio, vive de favor e geme de medo. Dorme de manhã, escreve poesias à tarde e trabalha pela madrugada. Desenvolve a...
Revelações Sou um Amor apaixonado, de andar esvaziado, mente, e alucinado ressentindo a vontade de voar. Penso ser dono do mundo, tenho comportamento imundo, danço feito moribundo, sonhando poder assim ficar. Tenho vontades passageiras, onde perdem-se estribeiras e quebram-se cadeiras podendo nunca mais restar. Tento superar meu limite de poeta com labirintite, hepatite alcoólica, miocardite, ouvindo que há o que curar. Gosto mesmo de lágrima depravada, solitária, arruinada, ciente que fracassada, esperando alguém a perdoar. Prefiro a vida ordinária, de redundância hilária, ou de anônimo da Candelária, porém sem titubear. Sinto também a promiscuidade no sangue, de pudor ignorante e gênio arrogante, acreditando não mais se salvar. Posso ainda ser um marinheiro ou até um cancioneiro, com ou sem dinheiro, deixando a vida me guiar. Perdôo-me ser metafísico, então, daqueles que não vive em tabernáculo ou que não possui qualquer outro vínculo, implorando à alma do mesmo modo ressuscitar! Rod...
Marcha fúnebre Tristeza sem fim tira a mão de mim não percebe que nós estamos mortos há muito tempo Gelado demais depois de findos os carnavais e ainda assim brincam com nosso corpo Chuva d'água molhada que vem descendo a estrada corre por todos os lados fazendo chuá-chuá Cama do lençol vermelho não tem reflexo no espelho aquele que um dia foi e não mais pode acordar Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Manhã de Carnaval, Luiz Bonfá/Antônio Maria Noite na Taverna, Álvares de Azevedo
Trote a galope que pára quando puder "Se não pode dizer que existe algo a procurar, ainda mais nesses dias, fatigantes e supérfluos, que tardam a acabar de nascer - quando o fazem - , e pelo cansaço pôem-se a dormir, com olhos entre-cerrados, de vigília para o amanhã, sem nunca esquecer de lembrar os píncaros da derrota que os afugentara antes do amanhecer. Mas sim, o tempo se move pelas nossas mãos, sujas de brigadeiro - ou o doce feito com leite condensado - preparado de coração vazio, alguns dias atrás, e devorado até o fim, sem remorso ou compaixão. E é desse jeito que o dia nasce e continuará a nascer: imundo e sem coração!" Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Metropolitan Museum of Art
A Simples Arte de Não-Viver O mesmo passo :seco, de todos os dias . A mesma rua :cheia, sempre cheia. E somos tomados pelo vento, pensando donos do destino, como se existisse dono, destino. E andamos naquela mesma rua :seca, dos passos cheios, Pensando que essa gente, quando há, olha pra gente, como se alguém olhasse pra gente. E ainda assim fazemos mais ruas, mudamos os ventos, cremos em destino, olhamos pra gente, pensando donos da vida, como se a vida, quando há e se existisse, tivesse dono ou olhasse pra gente. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Victor Marie Hugo
Tristeza Mediana Que triste é, ó lua, o sentido ordinário das coisas que pela manhã, acorda que pela tarde, a corda que pela noite, recorda Que triste é, ó lua, a preleção dos mais velhos que ontem, viveu que hoje, sobrevive que amanhã, morrerá Que triste é, ó lua, o discurso apaixonado que antes, chorava que agora, assusta que depois, ironiza Que triste é, ó lua, a poesia que fora salvação que é dúvida que será relíquia Ò, minha lua, donde estão os destemores pelo esdrúxulo que veneram a verdade que afrontam os desafios que desmascaram os fatos Leve-me, por favor, intrépida lua para onde não roubem meu amor para onde meu estômago suporte para onde não desvirtuem o simples ato de chorar Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Tarde em Itapuã, Toquinho e Vinícius de Moraes Discurso do Método, René Descartes