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Mostrando postagens de 2008

Rectidão

O mundo está redondo E de casa não a via. Se fosse um Bavette Sob o mar triunfaria. Só que isso nada sou! O mundo gira torto e De lado não percebo. Amiúde, quando a vejo Sou de novo um ancião. Quiçá entenda o jovem Alhures neste espaço. Um Homem, de lisura Um futuro de sucesso. Mas a história é de mentira Foi maculada à surdina Por aquele que difama O amor da doce amada. Esse amor, tão belo e forte Se mantém na realidade Já conheço o que não quero O que eu quero é lealdade. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Alegria, Alegria , Caetano Veloso

Reptação

Mais um mês avigora sua não chegada. Partem dedos e alertas, sobram contas. Um receio imerso no próprio descuidado E a certeza da incompreensão latente. Será somente a vaga lembrança de um futuro ainda não pensado? Diferente do que se vê, do que sente. Um confuso bem-estar de convicção. Tragam-me as tulipas, Reptem-me! O mundo carece muito de idealistas. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Ensaio Sobre a Cegueira ( 2008) Direção: Fernando Meirelles

Tato Social

Para tentar entendê-los Palavras são simplesmente Imputadas desnecessárias... Os corpos enlaçados Em tensos braços amantes Quem pronuncia o tato? Ah, os olhos fechados! Tudo prestes à sensação A mais pura leveza, Um sentimento esbelto Que desfila na rua, Nas r odas da ingratidão. O despertar do infortúnio Vacante em passos largos Ao devaneio perpétuo Para tornar a recuperar Um corpo, Imobilizado Uma alma, Decomposta. E tu nunca mais serás par Nunca mais regredirás Nunca mais descartarás O Amor, e tu serás - sim Um ser humano ímpar No tato raso da multidão. Tudo explodirá - e tu? Quem és tu? Onde estarás? Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Society , Eddie Vedder

O que era?

Eu tinha uma dádiva. Se fosse por mim, Nem se continha. Era uma infâmia. Mas nada era Se não percebia. Como uma mácula Uma falta de dor Só se sentia perto Se perto consentia. E era difícil andar ou A graça estremecer. O que era, então? Era o silêncio do não E a desatina canção. Um poço de verdade. Nada do que já existe. Às vezes é só fantasia Quase sempre era. Já não é mais! Agora é a verdade Que de tão séria Vai faltar por lá, na terra da cortesia. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Insensatez , Vinícius de Moraes e Tom Jobim

Desatino

O sentimento desentranhado Leva-nos a perceber O vão e a displicência Do bem amado. Quando não se gostava O tato remediava o fato. Mas agora, quando se gosta Época de mimetismo e amor O empenho denota o vão E a simples equiparação Causa tristeza irremediável. Logo pensamos: será que há Gente como a gente? Reconheçamos-nos, ao menos Nos píncaros da latência Para que nossa deficiência Liberte-se em aliteração E some todos os anseios Aos sonhos do outro coração. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera O Guardador de Rebanhos , Alberto Caeeiro

Das coisas e das pessoas

Tem gente que aparece Mas outros solidificam De um lado, enobrecem Só que do outro, fincam Na alma, uma estaca Em cima, um tampão Nada por aqui é em vão Uma porção de cogumelo Ou um piano abandonado Tudo aqui tem seu valor E tudo nessa vida é alto E tudo alimentado cresce Eu fico, eu faço, eu volto Nada me deixará arrefecer. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera www.wandula.com http://br.youtube.com/watch?v=-fpVD0sJoAU

O quem?

quem empurra na ponte que cai? mas se a ponte cai alguém a derruba ou só empurra aquele que cai? Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera confirma tudo que respira conspira Paulo Leminski

Amanhã

Eu te imploro mais um dia de ausência Para que me proíbas de desfrutar teu ser Enquanto meus braços estiverem atados Nesta antiquada e doentia probidade Quero que entendas a minha comichão De um pobre ser humano miserável Sem jardins para colher as tuas flores Como um ébrio coletando êxtases pelo ar E só peço que não te sumas da fantasia Mesmo desacostumado com tua ausência O amanhã tem lugar cativo no barquinho Que ruma virtuoso e belo sobre as nuvens Tudo que ouviste acerca do sol e do tato Está muito bem guardado lá no porão E eu te procurarei no escuro, meu anjo E vejo um futuro que não tem tamanho. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera The Sweetest Gift , Sade

Um tempo de alienação

Um tempo de alienação Tatos de poliglota. Desejos desvairados? Ultimato militar! Castelo de argila, Beijo apaixonado e Máquina de dançar. No alto, o horizonte E a cama sobre o mar. Se anseio o rarefeito Na verdade quero já! Esse mundo gira torto Mas nem todo dia Tropeçamos no azar! Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Soundtrack from "Into the Wild", by Eddie Vedder

Delírio

imóvel, um toque de jasmim trouxe à alma o afago e o que eu trago? um trago, no botequim será o fim? não! com calma, um abraço no espelho da ilusão até pedra alça vôo. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Elegie op. 3 n° 1 , Sergei Rachmaninov

Palavras

Não sou cara de palavras! Ao menos as palavras ditas Ouvidas pelos que vêem. M'aprecia bem guardá-las E somente as proferir Quando aos olhos me convém. Fico aqui, a meditar Um pensamento, um lugar Para aquelas que perdi. Prefiro a palavra escrita Talvez por escondida De quem não a contém Porque as palavras não ditas Que os olhos não enxergam Essas sim, poucos tem. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Villa-Lobos , por Astor Piazzola

Gangorra da Vida

Como pode a queda cair assim tão de repente, nos braços de quem tutela laços e sentimentos tão sinceros. Pode ser que a queda seja falsa - uma pseudo-queda! Alarmando nervos e passos em vão... Ou pode ser que tu se enganas pensas que escolheste o lado certo e nem imaginas que caíste na queda mais profunda... Mas se a queda cai assim enquanto mantiveste a pose ou tu quem cai enquanto a queda fica, a queda e tu, ou tu e a queda nada mais são do que uma gangorra A gangorra da vida! Que equilibra tu e a queda, enquanto a queda cai, o outro fica. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Eu, Malika Oufkir, Prisioneira do Rei , Malifa Oufkir e Michèle Fitoussi

Ah, se todos soubessem...

Ah, se todos soubessem... Fechar os olhos e desconectar Todas as sinapses de lugar Ouvir a ira saliente do trompete Parafraseando sístole e diástole! Não fossem os alvos, as metas Os sábados aliciados em vão... A ternura escorraçada ao acaso! Se todos pudessem sentir o tato Das pessoas que nem existem... Se ao menos se tocassem, estes Quiçá conhecessem o universo Encravado naquele grão de areia O mundo no leito da lealdade, Todos com suas flores prediletas Eu com minha adorável margarida Que nem sei se flor ou se é moça Mas de tão alva e frágil e bela Fez de mim um indelével sonhador E cada qual com seu ópio, E cada protelado com sua cópia... Por que cessaram com seus sonhos? E por que temos que suportá-los Se cá despretensiosos estamos? Talvez precisem saber do anseio Por um cabal grito de liberdade, Do corpo e do espírito e tudo mais Necessidade premente da soltura. Mas não! Preferem os calabouços: O entranhamento e estranhamento De sentimentos, a horrenda sentinela Que nos controla ...

Mocidade

Agora, a felicidade Que não tem idade Mas que tem carência Do lado a paciência E o que já era tarde De novo é indecência Resquício de saudade Abuso de prudência No lixo, a vaidade Na alma, a essência Um pitaco de latência E a velha mocidade Renova a identidade Nos braços da querência. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Yesterday , The Beatles

Enquanto o tempo...

Enquanto o tempo passa pelos olhos aos pés da escada os olhos passam aos pés que movem um novo tempo: outros olhos e pés cansados de esperar o tempo passar! Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera O Sole Mio , Luciano Pavarotti

Ansiedade

ao primeiro estalo o corpo bamboleia o sangue esquenta a face, antes rubra agora jamais peleia mesmo os braços e pernas, ou o cabelo que nem despenteia todos os apêndices antes descontraídos agora presos na teia de nervos e tensões prestes à calmaria. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Relax (take it easy) , Mika

Brasileiro

O poema só divaga O problema é virtual. O potente me garante O projeto é sexual. O porquê não me responde O profeta é textual. O postulado só me engana O provável é eventual. O populista pronuncia O prospecto usual. O posseiro me atropela O probante é ilegal. O político só quer ter O poder habitual. O poderoso não divide O produto desigual. O porrete me assola O progresso é nacional. O polícia não destoa O povão é marginal. O povo não se informa O processo é racional. O porco se distingue O procedente é maioral. O podre prolifera O profícuo é casual. O pó afaga a alma O profano é animal. O poeta se apaixona O pro forma é tudo igual. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Pra não dizer que não falei de flores , Geraldo Vandré

Conselho

Chega o dia em que a realidade vem à tona Amargurando todos os nossos dias de ilusão. Pensamentos recorrentes o deixaram pálido! Agora você que decide pelo lado da coragem E se prefere mesmo o caminho do progresso! São pequenos passos nesta rua fria e escura, E não seria saudável subestimar o lado do erro. Você sabe que já ouviu diversos bons conselhos; Você sabe que já experimentou o ócio e o amor. Pode ser agora que o tempo finalmente chegou, Com seus olhares sincréticos e coloridos... Assim como um trem, que passa rápido demais, É preciso se apressar para não perder o ponto. Só que para não tropeçar nas próprias pernas Uma boa dose de destruição se faz imperiosa: Quebre rapidamente todas as portas para o vil, Agora você escolhe entre a honra e a infâmia. Picote com as mãos cartas de amores falidos E as queime juntamente com o coração. Fotos e recordações, somente as essenciais! Amigos, só os dos dedos (inclusive dos pés). Venda ou doe boa parte de sua biblioteca, Mantenha livros de ...

Poeminha

Agora eu choro no teu colo eu imploro estou cansado de sofrer. Lá fora eu moro contigo eu decolo e te exploro tá na hora de viver. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera I'm Yours , Jason Mraz

Metapoesia

Eu não escrevo o que penso Quando penso eu escrevo eu sinto depois apago Tudo prospera quando deixo de pensar Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Trecho de "Poemas Inconjuntos" Se eu morrer novo, Sem poder publicar livro nenhum, Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa, Peço que, se se quiserem ralar por minha causa, Que não se ralem. Se assim aconteceu, assim está certo. Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos, Eles lá terão a sua beleza, se forem belos. Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir, Porque as raízes podem estar debaixo da terra Mas as flores florescem ao ar livre e à vista. Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir. Alberto Caeiro

Paisagem

Isto aqui não é fotografia! São somente pássaros, voando E um sol reluzente, à tardinha Ocaso sobre um mar, delirando Pelas aventuras que continha À espera de nuvens, espalhando Cada nova estrela que nascia Acho que isso não é fotografia É paisagem e poesia, todo dia! Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera I´m Yours , Jason Mraz Youtube

Código da Vida

A Dor e a Angústia mesmo as maiores quando arrostadas acariciadas por nós enobrecem a causa que um dia qualquer remeterá o prêmio àqueles que amam e perdoam o próximo: Uma lágrima de pai; Um sorriso de filho. Rodrigo Sluminsky +++ Etecetera Uma pequena homenagem à obra Código da Vida, do Dr. Saulo Ramos ( Ed. Planeta, 2007). Pouco saberá ele que ganhará distintos seguidores de sua paixão pela ética e pela cordialidade. Morreremos lutando por princípios, sem vender nossa alma!