São milhares de passos para conhecê-lo.
Dizem que provém de uma longa estrada
que não tem mais fim, esse tal de Beco
Pedaço metafísico onde tudo se acaba.
Tem forma e lados como uma ferradura
Às vezes como um cone posto na vertical
Sugando todas nossas forças de menino.
É o Beco sem saída, aquele no escuro
Que dá medo só de pensar em vê-lo.
Mas sabem poucos que esta triste viela
De fim palpável e encontro determinado
É antes um atalho para achar a solução
Que anda dispersando energias por aí
Enquanto no Beco tudo é concentrado
Naquela parede outrora intransponível
Agora, somente o sujeito pode decidir
Entre restar imóvel aguardando a luz
Ou explodir sua ira em gritos e prantos
E indignação, dentro do Beco sem saída
Desfigurando o fim certo e determinado
No princípio de uma nova caminhada.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Racional, Tim Maia
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Dia e Noite
O dia me consome e não me pertence.
Perturba-me em fadigas memoráveis
Permanecer vivo assim, todos os dias
E à noite arrefecer mórbido na triste
Cama tão bem acolchoada de Maria.
Desvarios plurais e sujos insistem em
Abarrotar meu corpo ao amanhecer.
Resisto às pedras arrojadas em cada
Singular vértebra e costela do corpo.
Esse frio matutino, disforme e sombrio
Adultera o entusiasmo carnal da noite.
Lutamos contra esse monstro, que há
Mais em mim que outrora percebiam,
Quimera forte e soberana da manhã,
Apoiada por essa sociedade indecorosa.
Eu estimo o feio e o desproporcional,
Nada de castidade na minha solidão.
E desse sol, que insiste em machucar
Espero nada mais que o sumiço, para
Que o feitiço da lua sobrecarregue as
Energias que de mim o dia consumiu.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Picture Of My Life, Jamiroquai
Perturba-me em fadigas memoráveis
Permanecer vivo assim, todos os dias
E à noite arrefecer mórbido na triste
Cama tão bem acolchoada de Maria.
Desvarios plurais e sujos insistem em
Abarrotar meu corpo ao amanhecer.
Resisto às pedras arrojadas em cada
Singular vértebra e costela do corpo.
Esse frio matutino, disforme e sombrio
Adultera o entusiasmo carnal da noite.
Lutamos contra esse monstro, que há
Mais em mim que outrora percebiam,
Quimera forte e soberana da manhã,
Apoiada por essa sociedade indecorosa.
Eu estimo o feio e o desproporcional,
Nada de castidade na minha solidão.
E desse sol, que insiste em machucar
Espero nada mais que o sumiço, para
Que o feitiço da lua sobrecarregue as
Energias que de mim o dia consumiu.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Picture Of My Life, Jamiroquai
domingo, 2 de dezembro de 2007
My My, Hey Hey
A trilha sonora
do nosso filme
tem uma música
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
E ficávamos ali
ouvindo o disco
E nos olhávamos
nos intervalos
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
E nos sentíamos
dentro do disco
E nos amávamos
nos intervalos
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
A trilha sonora
do nosso filme
tinha essa música.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
My My, Hey Hey, Neil Young
do nosso filme
tem uma música
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
E ficávamos ali
ouvindo o disco
E nos olhávamos
nos intervalos
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
E nos sentíamos
dentro do disco
E nos amávamos
nos intervalos
"My My, Hey Hey
Rock and Roll
is here to stay"
A trilha sonora
do nosso filme
tinha essa música.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
My My, Hey Hey, Neil Young
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Saudades
Há saudades em pensar e imaginar
Saudades nos braços e nas pernas
Saudades no peito, que dói demais
Uma falta que não se bem sente
Sentimento torto e desentranhado
Das rodas cálidas da vivência
Há saudades nas coisas de pegar
Coisas de armário e de gavetas
Imensas de saudades de existir
Saudades do pedaço torto do corpo
Exaspero da imperfeição singular
E tu sabes que há saudades
Ainda que não saibas da mensagem
Triste fim temos nós, eu e tu
Duas metades inteiras de saudades
Um par de asas separado pelo vento
Sem desfiladeiro para propalar
Nosso amor amargurado pelo ar...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Ah, um Soneto, Fernando Pessoa
Saudades nos braços e nas pernas
Saudades no peito, que dói demais
Uma falta que não se bem sente
Sentimento torto e desentranhado
Das rodas cálidas da vivência
Há saudades nas coisas de pegar
Coisas de armário e de gavetas
Imensas de saudades de existir
Saudades do pedaço torto do corpo
Exaspero da imperfeição singular
E tu sabes que há saudades
Ainda que não saibas da mensagem
Triste fim temos nós, eu e tu
Duas metades inteiras de saudades
Um par de asas separado pelo vento
Sem desfiladeiro para propalar
Nosso amor amargurado pelo ar...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Ah, um Soneto, Fernando Pessoa
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Manumissão
I
Sobressaltos regulares
não cabiam mais nos
lugares predispostos.
O semblante rubro da
insônia companheira,
o tremelicar das pernas.
Tudo convergindo para
o estrondo:
implosão particular do
espectro descontrolado.
II
O bafejo da memória
impulsiona a avantesma
do cerceamento
para além do precipício.
Na terra sem limites
voar fora da asa
não é privilégio
do Poeta.
O estrépito é ouvido
por todo o universo!
III
A escabiosa arrefecida
por tensos devaneios
revolucionários...
Não há mar, não há céu!
Todos os velhos conceitos
foram agora refeitos.
O novo deprime
o vício:
anteparo natural da
manumissão do espírito.
IV
De volta à mansarda
nada seria como antes,
nem miséria ou angústia;
subtileza nas veias e um
âmago todo preenchido
de anarquia.
Eterna contemplação e
nenhum carrasco para impedir
o sorriso desta espécie,
insubordinada por natureza.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"[...]
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa... [...]"
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa... [...]"
Trecho de "Liberdade", poema de Fernando Pessoa
terça-feira, 6 de novembro de 2007
O Gelo
Vamos explicar como é que nasce o gelo.
Depois de tampar o sol com uma peneira,
Use panos quentes para o rosto encobrir.
Logo depois, coloque um pouco de água fria
Assim mesmo, no imperativo, sem pena.
Aos poucos o silêncio se torna constrangedor.
Toque com um alfinete os calos e feridas
E espere o tempo que for para que sinta dor.
Quando perceber pedras d'água sobrepostas
Descarte a parte transparente do invólucro
E triture e pequenos pedaços o que restou.
Olhe rapidamente para todos à sua volta e
Sinta na pele a frieza inexorável do desamor.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Inoportuna, Jorge Drexler
Álbum: 12 segundos de oscuridad (2006)
Depois de tampar o sol com uma peneira,
Use panos quentes para o rosto encobrir.
Logo depois, coloque um pouco de água fria
Assim mesmo, no imperativo, sem pena.
Aos poucos o silêncio se torna constrangedor.
Toque com um alfinete os calos e feridas
E espere o tempo que for para que sinta dor.
Quando perceber pedras d'água sobrepostas
Descarte a parte transparente do invólucro
E triture e pequenos pedaços o que restou.
Olhe rapidamente para todos à sua volta e
Sinta na pele a frieza inexorável do desamor.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Inoportuna, Jorge Drexler
Álbum: 12 segundos de oscuridad (2006)
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Plenitude
o balançar ritmado do cachaço
determina nossa condição
imóvel, nosso corpo bamboleia
olhos fechados, respiração profusa
um terno fausto particular
em depravação latente
na íntima doçura de ser
onde sons denotam sinfonias
somos agora a própria natureza
um retrato tirado da parede
entregue novamente à realidade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Season in the sun, Cat Steven
determina nossa condição
imóvel, nosso corpo bamboleia
olhos fechados, respiração profusa
um terno fausto particular
em depravação latente
na íntima doçura de ser
onde sons denotam sinfonias
somos agora a própria natureza
um retrato tirado da parede
entregue novamente à realidade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Season in the sun, Cat Steven
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Intenso
Não se preocupem, vozes
lânguidas em suas almas.
Eu já disse outro dia que
todo dia é dia de poesia!
Ainda que tardia, sinto-a
vociferando em meu peito.
Se anseiam por seu efeito,
sejam em si mesmas som
vibrante e colorido, contra
o ruído imperfeito da nódoa
que assola nossa liberdade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"Os homens que amam a uma só mulher são como os fósforos que só se acendem sobre a própria caixa."
Pitigrilli (1893-1975), pseudônimo de Dino Segre
lânguidas em suas almas.
Eu já disse outro dia que
todo dia é dia de poesia!
Ainda que tardia, sinto-a
vociferando em meu peito.
Se anseiam por seu efeito,
sejam em si mesmas som
vibrante e colorido, contra
o ruído imperfeito da nódoa
que assola nossa liberdade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"Os homens que amam a uma só mulher são como os fósforos que só se acendem sobre a própria caixa."
Pitigrilli (1893-1975), pseudônimo de Dino Segre
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Boato
Eu também inventei
coisa nova de pensar
se me cala eu entejo
mas desejo o que fiz.
E se diz nem bem sei
ressoar nesse molejo
deixo ir o que já quis
atordoar até cansar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nostalgia, Manuel Bandeira
coisa nova de pensar
se me cala eu entejo
mas desejo o que fiz.
E se diz nem bem sei
ressoar nesse molejo
deixo ir o que já quis
atordoar até cansar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nostalgia, Manuel Bandeira
terça-feira, 9 de outubro de 2007
O Tempo Perdido
Ah!, como és ridículo!
A esta idade
buscando qualidade
em teus lençóis.
Já devias saber
que é só um ser
o bem amado.
Outros que vêm
porém
não trazem consigo
a paz e o conforto
para o teu lado.
Estes trazem - e muito
o não conforto
que o anjo torto
outrora disse a ti:
vai-te a esmo, poeta
pois, pelo tempo do amor
estás mais que atrasado!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
http://portalliteral.terra.com.br/
A esta idade
buscando qualidade
em teus lençóis.
Já devias saber
que é só um ser
o bem amado.
Outros que vêm
porém
não trazem consigo
a paz e o conforto
para o teu lado.
Estes trazem - e muito
o não conforto
que o anjo torto
outrora disse a ti:
vai-te a esmo, poeta
pois, pelo tempo do amor
estás mais que atrasado!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
http://portalliteral.terra.com.br/
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Suicida
Eh!, agora a coisa ficou feia!
Vinho na mão, saca-rolhas.
Pegou a taça - uma taça!
São zero e trinta e seis
e você ainda sóbrio.
Acompanhando-lhe estão
o lápis e o papel.
Todos os outros se foram
e lhe deixaram imerso
no próprio escárnio.
Desse jeito o dia
vai demorar a nascer,
se é que vai...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Smell like teen spirit, Nirvana
Vinho na mão, saca-rolhas.
Pegou a taça - uma taça!
São zero e trinta e seis
e você ainda sóbrio.
Acompanhando-lhe estão
o lápis e o papel.
Todos os outros se foram
e lhe deixaram imerso
no próprio escárnio.
Desse jeito o dia
vai demorar a nascer,
se é que vai...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Smell like teen spirit, Nirvana
domingo, 30 de setembro de 2007
Silêncio
Há dias inteiros em que se passam
todos os momentos, normalmente
sem que de você as pessoas ouçam
uma singular palavra
um grito do êxtase
um lamento sequer.
Esses dias foram feitos de algodão
para serem passados sem perceber
a existência de sons do emissário.
Que de fato nem existem, os sons
de vozes, espasmos ou lamentos
propagando-se em ondas no ar.
Dias em que não se diz palavra alguma
um dia inteiro, sem palavra alguma
só para dizer para quem puder sentir
que a voz do silêncio, naquele momento
diz tudo que alguém gostaria de ouvir.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O sol.
todos os momentos, normalmente
sem que de você as pessoas ouçam
uma singular palavra
um grito do êxtase
um lamento sequer.
Esses dias foram feitos de algodão
para serem passados sem perceber
a existência de sons do emissário.
Que de fato nem existem, os sons
de vozes, espasmos ou lamentos
propagando-se em ondas no ar.
Dias em que não se diz palavra alguma
um dia inteiro, sem palavra alguma
só para dizer para quem puder sentir
que a voz do silêncio, naquele momento
diz tudo que alguém gostaria de ouvir.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O sol.
sábado, 29 de setembro de 2007
Ofegante
Pode até ser bonito
teu ar de erudito
esse pensar lúdico
de padrão regular.
Mas respiras pouco
do ar que podes
dispnéia pela razão
em primeiro lugar.
E tu olhas pra gente
com esse ar esnobe
que perante o público
só tens a dissimular.
Arre!, se bem sabes
o ar que respiras,
por que ainda não
paraste de pensar?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Racional, Tim Maia
teu ar de erudito
esse pensar lúdico
de padrão regular.
Mas respiras pouco
do ar que podes
dispnéia pela razão
em primeiro lugar.
E tu olhas pra gente
com esse ar esnobe
que perante o público
só tens a dissimular.
Arre!, se bem sabes
o ar que respiras,
por que ainda não
paraste de pensar?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Racional, Tim Maia
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Viva a beleza da vida!
Aos que desejam a morte escarlate a qualquer custo
lamento afirmar que minha poesia tem o viés negativo
em favor dos prazeres da própria carne e da heresia.
Toda vez que percebo a vitória do grotesco, do descortês,
trago imediatamente à mão todas as minhas esferográficas
e reescrevo de modo diverso o mesmo poema de ontem.
Tal qual uma epopéia reacionária ou uma cruzada sem deus,
porém redigida em forma de movimentos em uma sinfonia.
Altercamo-nos hoje e a cada novo dia contra a
proliferação gratuita do feio, do hermeticamente horrendo,
contra aquilo que causa desconforto interno quando em
nosso âmago percebemos por sentidos o desastre.
Aos que desejam a funesta infelicidade dos mortais,
prezamos por esse combate deveras vezes ideológico,
porém reconfortante como fardos de algodão em rama
simetricamente dispostos em forma de salvaguarda,
para salvar-nos da maior queda: a nossa própria.
Sim, porque o feio somos nós mesmos quando nos vemos
no espelho da realidade, aplicamos nossos feios princípios
às nossas fraquezas, ou quando não sabemos perdoar.
Trazer tudo e todos ao belo é a tarefa da minha poesia,
que neutraliza reles sons e luzes, muito mais ruidosos
e desconformes que a harmonia do vôo do beija-flor,
ou quando comparados à cor da flor chamada margarida.
E aos que fazem das mortalhas um tenso flanco roto,
imponho minha poesia como um imperativo categórico.
Terão os bastardos que tolerar, sob minhas ordens,
a harmoniosa canção de todos os pássaros silvestres
e o luar resplandecendo brilho e vida sobre o mar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Um céu numa flor silvestre: a beleza em todas as coisas, Rubem Alves
lamento afirmar que minha poesia tem o viés negativo
em favor dos prazeres da própria carne e da heresia.
Toda vez que percebo a vitória do grotesco, do descortês,
trago imediatamente à mão todas as minhas esferográficas
e reescrevo de modo diverso o mesmo poema de ontem.
Tal qual uma epopéia reacionária ou uma cruzada sem deus,
porém redigida em forma de movimentos em uma sinfonia.
Altercamo-nos hoje e a cada novo dia contra a
proliferação gratuita do feio, do hermeticamente horrendo,
contra aquilo que causa desconforto interno quando em
nosso âmago percebemos por sentidos o desastre.
Aos que desejam a funesta infelicidade dos mortais,
prezamos por esse combate deveras vezes ideológico,
porém reconfortante como fardos de algodão em rama
simetricamente dispostos em forma de salvaguarda,
para salvar-nos da maior queda: a nossa própria.
Sim, porque o feio somos nós mesmos quando nos vemos
no espelho da realidade, aplicamos nossos feios princípios
às nossas fraquezas, ou quando não sabemos perdoar.
Trazer tudo e todos ao belo é a tarefa da minha poesia,
que neutraliza reles sons e luzes, muito mais ruidosos
e desconformes que a harmonia do vôo do beija-flor,
ou quando comparados à cor da flor chamada margarida.
E aos que fazem das mortalhas um tenso flanco roto,
imponho minha poesia como um imperativo categórico.
Terão os bastardos que tolerar, sob minhas ordens,
a harmoniosa canção de todos os pássaros silvestres
e o luar resplandecendo brilho e vida sobre o mar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Um céu numa flor silvestre: a beleza em todas as coisas, Rubem Alves
domingo, 23 de setembro de 2007
Chove, chuva!
Um incontável número de gotas
desabam frias sobre a multidão,
que suporta o ônus liquefeito da
jactância escorrendo pelo esgoto.
O barulho intenso dos relâmpagos
anuncia o vigor temido da limpeza,
que extermina qualquer impureza
e desguarnece o mal intencionado.
É chegada a hora certa da verdade!
Não há tempo ruim para contestar
o inefável valor das palavras, nem
momento distinto para esquivar-se.
A chuva ora cai em precedência ao
belo sentimento ulterior de limpidez
talvez tão belo e necessário que não
acaba cedo o tormento dos homens.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
November Rain, Guns N' Roses
desabam frias sobre a multidão,
que suporta o ônus liquefeito da
jactância escorrendo pelo esgoto.
O barulho intenso dos relâmpagos
anuncia o vigor temido da limpeza,
que extermina qualquer impureza
e desguarnece o mal intencionado.
É chegada a hora certa da verdade!
Não há tempo ruim para contestar
o inefável valor das palavras, nem
momento distinto para esquivar-se.
A chuva ora cai em precedência ao
belo sentimento ulterior de limpidez
talvez tão belo e necessário que não
acaba cedo o tormento dos homens.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
November Rain, Guns N' Roses
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Volúpia do Mundo
Havia um forte desejo
de sentir novamente
aquele fato inusitado.
Pensar na forma torpe
de sua mácula restante
não altera a mistificação.
Um apetite imensurável
de propagar a vida amante
o nosso mais belo legado.
Abraçar a volúpia do mundo
para continuar apaixonante
a nossa única condição.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
As Canções Que Você Fez Pra Mim, Maria Bethânia
de sentir novamente
aquele fato inusitado.
Pensar na forma torpe
de sua mácula restante
não altera a mistificação.
Um apetite imensurável
de propagar a vida amante
o nosso mais belo legado.
Abraçar a volúpia do mundo
para continuar apaixonante
a nossa única condição.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
As Canções Que Você Fez Pra Mim, Maria Bethânia
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Auto-compaixão
Incansável
a visão seca
do amor
quem me dera
ultrapassar
o anseio
há paz maior
do que o sol em
dias de semana?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nothing as it seems, Pearl Jam
a visão seca
do amor
quem me dera
ultrapassar
o anseio
há paz maior
do que o sol em
dias de semana?
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nothing as it seems, Pearl Jam
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Mansidão
Seria tão fácil dizer
não fosse o tato,
indizível momento
de ser
inexplicável fato
suas pálpebras
completamente
bem delineadas
sensação de
exaspero singular
porção de esmo
e desejo
reunião de mitos
desfeitos no ato
da posterior
lágrima de solidão.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
All of me, Billie Holiday
não fosse o tato,
indizível momento
de ser
inexplicável fato
suas pálpebras
completamente
bem delineadas
sensação de
exaspero singular
porção de esmo
e desejo
reunião de mitos
desfeitos no ato
da posterior
lágrima de solidão.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
All of me, Billie Holiday
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Opinião
Sabe o que eu acho?
As pessoas morreram de solidão.
Sim, porque de excessos não foi!
Quando um passarinho vem
de mansinho e briga comigo
sei que o mundo parou de girar.
Ao menos para os astros,
que bem na verdade somos
eu e você, quando dizemos
um no ouvido do outro
que ficamos sem palavras.
Tento imaginar porque ainda
tem gente que desiste.
Deve ser por não reconhecer
a beleza noturna da lua,
ou por manter enjaulados
seus passarinhos na gaiola.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Let there be love, Oasis
As pessoas morreram de solidão.
Sim, porque de excessos não foi!
Quando um passarinho vem
de mansinho e briga comigo
sei que o mundo parou de girar.
Ao menos para os astros,
que bem na verdade somos
eu e você, quando dizemos
um no ouvido do outro
que ficamos sem palavras.
Tento imaginar porque ainda
tem gente que desiste.
Deve ser por não reconhecer
a beleza noturna da lua,
ou por manter enjaulados
seus passarinhos na gaiola.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Let there be love, Oasis
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Agora...
Chove lá fora
aqui dentro
estou lá fora
em pensamento
meu agora
é um tormento
que revigora
a sensação.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
My Culture, Robbie Williams e One Giant Leap
aqui dentro
estou lá fora
em pensamento
meu agora
é um tormento
que revigora
a sensação.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
My Culture, Robbie Williams e One Giant Leap
terça-feira, 28 de agosto de 2007
A situação é complicada!
A situação é complicada.
Se dois passos avanço,
saio de novo da estrada.
Se parado eu fico,
eu não alcanço a parada.
A situação é complicada.
A oposição é malcriada.
Se dois passos avanço,
saio de novo da estrada.
Se parado eu fico,
perco o fio da meada.
A situação é complicada.
A oposição é dedicada.
Se parado eu fico,
acabo de mãos atadas.
Se dois passos avanço,
é a vida desenfreada.
A situação é complicada.
A estrada esburacada.
A oposição alienada.
A vida empacotada!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Prelude in A minor, Baden Powell
Se dois passos avanço,
saio de novo da estrada.
Se parado eu fico,
eu não alcanço a parada.
A situação é complicada.
A oposição é malcriada.
Se dois passos avanço,
saio de novo da estrada.
Se parado eu fico,
perco o fio da meada.
A situação é complicada.
A oposição é dedicada.
Se parado eu fico,
acabo de mãos atadas.
Se dois passos avanço,
é a vida desenfreada.
A situação é complicada.
A estrada esburacada.
A oposição alienada.
A vida empacotada!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Prelude in A minor, Baden Powell
domingo, 26 de agosto de 2007
Prudência
Dizem que somos feios, crasos
que não respeitamos valores!
Dizem que entregamos flores
porque as roubamos dos vasos.
Dizem que temos princípios rasos
e que não tivemos tutores...
Dizem que os nossos amores
são lotes de corações dissimulados.
E se o que dizem eles é verdade
nessa mistura de afagos e malícia
estamos no caminho da felicidade
uma vida amante e sem carência
deixando uma legião de saudade
padecer nos braços da prudência.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
http://poesia-de-sete.blogspot.com/
que não respeitamos valores!
Dizem que entregamos flores
porque as roubamos dos vasos.
Dizem que temos princípios rasos
e que não tivemos tutores...
Dizem que os nossos amores
são lotes de corações dissimulados.
E se o que dizem eles é verdade
nessa mistura de afagos e malícia
estamos no caminho da felicidade
uma vida amante e sem carência
deixando uma legião de saudade
padecer nos braços da prudência.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
http://poesia-de-sete.blogspot.com/
sábado, 25 de agosto de 2007
Cansado!
Cansei de mim
quero poder
se não me deixas
eu pulo!
Agora sou eu
eu comando
quero a maioria
mas, e o botão?
Avante!
no sabão em pó
é liso, é neutro
espero, quero
sou agora o bis
apedrejado
se não me quis
eu não tolero
e não te quero
és um bobão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Close to me, the Cure
quero poder
se não me deixas
eu pulo!
Agora sou eu
eu comando
quero a maioria
mas, e o botão?
Avante!
no sabão em pó
é liso, é neutro
espero, quero
sou agora o bis
apedrejado
se não me quis
eu não tolero
e não te quero
és um bobão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Close to me, the Cure
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Simplicidade
Eu só queria um espaço
muito bem delimitado
para olhar e apreciar
detalhes sobre o chão.
Queria ver pingar a'gua
d'onde caem as goteiras
eu queria das roseiras
um espinho e um botão.
E das matas ciliares
queria pedras e cipós
para atar todos os nós
que contêm a emoção.
Mas não h'aste regular
com tamanha lealdade
fujo logo da beldade
quer a rosa? tá na mão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"As coisas não se submetem à nossa vestidura."
Trecho de "O Homem e as Coisas", de Carlos Nejar
muito bem delimitado
para olhar e apreciar
detalhes sobre o chão.
Queria ver pingar a'gua
d'onde caem as goteiras
eu queria das roseiras
um espinho e um botão.
E das matas ciliares
queria pedras e cipós
para atar todos os nós
que contêm a emoção.
Mas não h'aste regular
com tamanha lealdade
fujo logo da beldade
quer a rosa? tá na mão!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"As coisas não se submetem à nossa vestidura."
Trecho de "O Homem e as Coisas", de Carlos Nejar
sábado, 18 de agosto de 2007
Enquanto você fala...
Enquanto você fala
a poesia não acaba
de fazer acontecer
a força da palavra
em cada amanhecer
a cada nova estrada.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"É romance, é odisséia, é poema, é epopéia, é sátira, é apocalipse."
Rachel de Queiroz
a poesia não acaba
de fazer acontecer
a força da palavra
em cada amanhecer
a cada nova estrada.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"É romance, é odisséia, é poema, é epopéia, é sátira, é apocalipse."
Rachel de Queiroz
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
O Pino
Sou agora um pino,
que por ser o que é,
desafina totalmente
da poesia vigorante.
Sirvo para machucar
as superfícies alheias,
presionar, furar e até
no seu inverso cravar.
Sou esse misto de ira
e teimosia rabugenta,
de pensar debilitado e
que sangra até sofrer.
Não resta mais forças
para manter a honra,
sou agora só um pino,
que assola sem pesar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Sinfonia nº 29 em Lá maior K.201/186a (1774), Wolfang Amadeus Mozart
que por ser o que é,
desafina totalmente
da poesia vigorante.
Sirvo para machucar
as superfícies alheias,
presionar, furar e até
no seu inverso cravar.
Sou esse misto de ira
e teimosia rabugenta,
de pensar debilitado e
que sangra até sofrer.
Não resta mais forças
para manter a honra,
sou agora só um pino,
que assola sem pesar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Sinfonia nº 29 em Lá maior K.201/186a (1774), Wolfang Amadeus Mozart
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Sempre, para sempre
Talvez
eu simplesmente
não queira ver
o que foi que você fez
com aquilo que deixei.
Talvez
eu solenemente
não possa suportar
fixar o meu olhar
nos lábios que beijei.
Talvez
eu eternamente
não queira ouvir
palavras de partir
e sentir que já amei.
Eu só quero é voar
cantarolar ao seu olhar
e nos lábios que deixei
beijar até cansar
ouvir que já amei
porque eu sempre te amarei
e pra sempre vou te amar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Live forever, Coldplay
eu simplesmente
não queira ver
o que foi que você fez
com aquilo que deixei.
Talvez
eu solenemente
não possa suportar
fixar o meu olhar
nos lábios que beijei.
Talvez
eu eternamente
não queira ouvir
palavras de partir
e sentir que já amei.
Eu só quero é voar
cantarolar ao seu olhar
e nos lábios que deixei
beijar até cansar
ouvir que já amei
porque eu sempre te amarei
e pra sempre vou te amar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Live forever, Coldplay
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Existencialismo
Um bosque cheio de pregos enferrujados
pisou no calo da senhora desfigurada.
Quantos quilos tinha o passarinho azul?
Só se noticiava a falta de ervilhas para
fabricar o combustível das locomotivas.
Como saber se faltavam lápis de cor se à
mesa juntaram-se o príncipe e a baronesa?
Realmente, o mar estava ficando sólido.
Desde que a esfinge saiu correndo no atol
os deuses nunca mais compraram meias.
Parece algo democrático, mas sem cabelo.
Outro dia o ciático entrou de férias e saiu
para conversar com a formiga analógica.
Veja só você, que estuda a morfologia do
estrume, conversando com a natureza.
O que alicerce faz neste lado?, perguntou.
A resposta foi ao cinema comer pipoca,
mas os celulares estavam alienados.
Depois, a cultura existencialista aderiu ao
momento de contingenciamento do nada.
Tudo estava cada momento mais escasso
que não se via o deserto nas poeiras lunares.
Sonhos não falavam, o medo era colorido,
as abelhas pararam de costurar petróleo...
Acho que era por causa de seu chapéu côco.
No final das letras, a população de Sidarta
não pôde conhecer a soma das dúvidas.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Walking Life (EUA, 2001)
Direção: Richard Linklater
pisou no calo da senhora desfigurada.
Quantos quilos tinha o passarinho azul?
Só se noticiava a falta de ervilhas para
fabricar o combustível das locomotivas.
Como saber se faltavam lápis de cor se à
mesa juntaram-se o príncipe e a baronesa?
Realmente, o mar estava ficando sólido.
Desde que a esfinge saiu correndo no atol
os deuses nunca mais compraram meias.
Parece algo democrático, mas sem cabelo.
Outro dia o ciático entrou de férias e saiu
para conversar com a formiga analógica.
Veja só você, que estuda a morfologia do
estrume, conversando com a natureza.
O que alicerce faz neste lado?, perguntou.
A resposta foi ao cinema comer pipoca,
mas os celulares estavam alienados.
Depois, a cultura existencialista aderiu ao
momento de contingenciamento do nada.
Tudo estava cada momento mais escasso
que não se via o deserto nas poeiras lunares.
Sonhos não falavam, o medo era colorido,
as abelhas pararam de costurar petróleo...
Acho que era por causa de seu chapéu côco.
No final das letras, a população de Sidarta
não pôde conhecer a soma das dúvidas.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Walking Life (EUA, 2001)
Direção: Richard Linklater
domingo, 12 de agosto de 2007
No lugar comum
No lugar comum as pessoas
voltam pra casa, os carros
pegam a estrada, as crianças
brincam na calçada.
O vento sopra diferente,
no lugar comum.
Tem dia que não é quente,
na madrugada há pouca gente,
as paredes das casas são alvas.
O lugar comum é onde
tem pássaro e mar todo dia,
o relógio bate ao meio-dia,
a moça negra faz café,
numa espécie de mimetismo.
As pessoas têm duas pernas
e podem chegar aonde querem.
Aqui não se chega acolá,
já no lugar comum há
sempre lugares para ir,
belas histórias para ouvir,
coisas novas para ver.
As pessoas se percebem,
entretidas umas nas outras
:algo de si nelas mesmas.
Porque no lugar comum
tem muita coisa incomum.
Tem papai noel e televisão,
tem feriados, dias da semana
(qual dia não seria?), e tem uma
coisa que incomoda bastante,
que pela falta de nome as
pessoas chamam de coração.
E quando falam isso não me
parece mais o lugar comum.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Autopsicografia, Fernando Pessoa
voltam pra casa, os carros
pegam a estrada, as crianças
brincam na calçada.
O vento sopra diferente,
no lugar comum.
Tem dia que não é quente,
na madrugada há pouca gente,
as paredes das casas são alvas.
O lugar comum é onde
tem pássaro e mar todo dia,
o relógio bate ao meio-dia,
a moça negra faz café,
numa espécie de mimetismo.
As pessoas têm duas pernas
e podem chegar aonde querem.
Aqui não se chega acolá,
já no lugar comum há
sempre lugares para ir,
belas histórias para ouvir,
coisas novas para ver.
As pessoas se percebem,
entretidas umas nas outras
:algo de si nelas mesmas.
Porque no lugar comum
tem muita coisa incomum.
Tem papai noel e televisão,
tem feriados, dias da semana
(qual dia não seria?), e tem uma
coisa que incomoda bastante,
que pela falta de nome as
pessoas chamam de coração.
E quando falam isso não me
parece mais o lugar comum.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Autopsicografia, Fernando Pessoa
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Aconchego
Palavras soltas, em um velho
cantinho de inverno.
Não retornam, nunca mais
ao cais de onde partiram.
Em seu ninho agora resta
mais do que antes tinha.
Para sua vida agora sobra
mais lápis e porpurina.
Tudo sempre colorido e intenso,
na madrugada fria e congelante,
denso sentimento de alegria,
amável sensação de aconchego.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Baby, it's cold outside, Ray Charles & Ella Fitzgerald
cantinho de inverno.
Não retornam, nunca mais
ao cais de onde partiram.
Em seu ninho agora resta
mais do que antes tinha.
Para sua vida agora sobra
mais lápis e porpurina.
Tudo sempre colorido e intenso,
na madrugada fria e congelante,
denso sentimento de alegria,
amável sensação de aconchego.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Baby, it's cold outside, Ray Charles & Ella Fitzgerald
terça-feira, 17 de julho de 2007
Sobre a vida...
A vida vai fácil, meu caro
feito pipocas alvas
que derretem na boca
doce sem sal
Mas a vida, meu caro
a vida não erra
não perdoa
como os cães e nós
o fazemos
A vida não, meu caro
a vida passa em bloco
feito avalanche
que nunca mais volta
As pequenas coisas
- palavras, flores, tato
isso acontece
A vida, meu caro
simplesmente atropela
Uns, dirigem-na
o restante
se autodenomina!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
A canção da vida, Mário Quintana
feito pipocas alvas
que derretem na boca
doce sem sal
Mas a vida, meu caro
a vida não erra
não perdoa
como os cães e nós
o fazemos
A vida não, meu caro
a vida passa em bloco
feito avalanche
que nunca mais volta
As pequenas coisas
- palavras, flores, tato
isso acontece
A vida, meu caro
simplesmente atropela
Uns, dirigem-na
o restante
se autodenomina!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
A canção da vida, Mário Quintana
domingo, 15 de julho de 2007
Soneto
Cansado de imaginar,
é tempo de viver!
Beijar, ficar sem ar,
amar e poder sofrer.
Não posso mais esperar
para tentar um dia ser!
Um passo para andar,
é tempo de correr.
Às favas cada sentimento
de resguardo e prudência,
nada de padecimento:
Viva a independência!
Amor a todo momento:
é tempo de indecência.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Filosofia, Ascenso Ferreira
é tempo de viver!
Beijar, ficar sem ar,
amar e poder sofrer.
Não posso mais esperar
para tentar um dia ser!
Um passo para andar,
é tempo de correr.
Às favas cada sentimento
de resguardo e prudência,
nada de padecimento:
Viva a independência!
Amor a todo momento:
é tempo de indecência.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Filosofia, Ascenso Ferreira
terça-feira, 10 de julho de 2007
Ritmo
tum-tum
tum-tum
bate depressa
acelerado
meu coração
tum-tum
tum-tum
foge depressa
enviesado
da emoção.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Anjo, Carlos Nejar
tum-tum
bate depressa
acelerado
meu coração
tum-tum
tum-tum
foge depressa
enviesado
da emoção.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Anjo, Carlos Nejar
segunda-feira, 9 de julho de 2007
E agora, acabou?
E agora, acabou?
Será que zerou
o que prometeu
ou arrefeceu
tudo e quebrou
a promessa de
terminar aquilo
e perder alguns
quilos para agora
zerar enfim o que
já era hora mas
bem da verdade
nunca tem fim.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
E agora, José?, Carlos Drummond de Andrade
Será que zerou
o que prometeu
ou arrefeceu
tudo e quebrou
a promessa de
terminar aquilo
e perder alguns
quilos para agora
zerar enfim o que
já era hora mas
bem da verdade
nunca tem fim.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
E agora, José?, Carlos Drummond de Andrade
domingo, 8 de julho de 2007
E a poesia...
E a poesia não acaba
enquanto os homens
gemem de medo na
cabana da ilusão por
não terem compaixão
ou recebido perdão e
lamento de quem já
nem sabe mais o que
aconteceu aquele dia.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Casamento, Nelson Rodrigues
enquanto os homens
gemem de medo na
cabana da ilusão por
não terem compaixão
ou recebido perdão e
lamento de quem já
nem sabe mais o que
aconteceu aquele dia.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Casamento, Nelson Rodrigues
sábado, 7 de julho de 2007
Começo do fim
Começo por perguntar
onde foi restar
o ninho dos passarinhos
e o poço de carinho?
Começo por perguntar
onde foi ficar
o beijo desconhecido,
a novidade esvaecida?
Começo por perguntar
onde posso procurar
o lado esquecido e
a delicadeza perdida?
Começo a perguntar
se devo chorar
por estar perdido
nesse mundo vazio.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Metamorfose, Franz Kafka
onde foi restar
o ninho dos passarinhos
e o poço de carinho?
Começo por perguntar
onde foi ficar
o beijo desconhecido,
a novidade esvaecida?
Começo por perguntar
onde posso procurar
o lado esquecido e
a delicadeza perdida?
Começo a perguntar
se devo chorar
por estar perdido
nesse mundo vazio.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Metamorfose, Franz Kafka
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Irriquieto
Quieto,
me não fale nada,
estou irriquieto,
preciso logo
pegar a estrada.
Quieto, quieto,
os nervos propulsam
o conjunto de veias
e artérias e carne,
que são meu corpo.
Quieto, por favor,
refira-se a mim
como um estorvo,
sem documento e
sem sentido.
Quero apenas uma luz,
um caminho que
indique o barulho, fuja
do entulho desse
silêncio contrangedor.
Quieto, seu idiota,
mantenha-se quieto
que eu, irriquieto
parto logo sua cara e
também por aquela porta.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Gimme Shelter, Rolling Stones
me não fale nada,
estou irriquieto,
preciso logo
pegar a estrada.
Quieto, quieto,
os nervos propulsam
o conjunto de veias
e artérias e carne,
que são meu corpo.
Quieto, por favor,
refira-se a mim
como um estorvo,
sem documento e
sem sentido.
Quero apenas uma luz,
um caminho que
indique o barulho, fuja
do entulho desse
silêncio contrangedor.
Quieto, seu idiota,
mantenha-se quieto
que eu, irriquieto
parto logo sua cara e
também por aquela porta.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Gimme Shelter, Rolling Stones
terça-feira, 3 de julho de 2007
Sombra Noturna
A bela lua
fazia sombra
daquela luz
que vinha do sol.
Pelo horário,
em torno do
meio-dia
da noite,
saí do sol
e me pus
na penumbra
a ver a Lua.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
La bella luna, Paralamas do Sucesso
fazia sombra
daquela luz
que vinha do sol.
Pelo horário,
em torno do
meio-dia
da noite,
saí do sol
e me pus
na penumbra
a ver a Lua.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
La bella luna, Paralamas do Sucesso
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Triste
a lágrima escorre
pelo vão
aberto na face
até o chão
quando pára
explode,
espalha
outro não
e a lágrima morre.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Eu, Augusto dos Anjos
pelo vão
aberto na face
até o chão
quando pára
explode,
espalha
outro não
e a lágrima morre.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Eu, Augusto dos Anjos
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Insignificância
A imensidão do mar não mente.
Tudo é tão pequeno e feio
quanto conseguimos enxergar
:somos insignificantes, pobres, inúteis.
Nós aqui não somos pensados,
não somos vistos, não somos ouvidos.
Exatamente aqui, imersos nessa indagação,
não somos quistos, não somos amados.
E não é nada indiferente.
Tudo é tão ameno e seco,
uma mácula à beleza da paisagem
:somos inebriantes, torpes, fúteis.
Aqui não somos queridos,
aqui não somos amados,
aqui não devíamos estar,
aqui não devemos morrer.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Máquina de escrever, Pedro Luís e a Parede
Tudo é tão pequeno e feio
quanto conseguimos enxergar
:somos insignificantes, pobres, inúteis.
Nós aqui não somos pensados,
não somos vistos, não somos ouvidos.
Exatamente aqui, imersos nessa indagação,
não somos quistos, não somos amados.
E não é nada indiferente.
Tudo é tão ameno e seco,
uma mácula à beleza da paisagem
:somos inebriantes, torpes, fúteis.
Aqui não somos queridos,
aqui não somos amados,
aqui não devíamos estar,
aqui não devemos morrer.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Máquina de escrever, Pedro Luís e a Parede
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Paradoxo
O paradoxo é fascinante
nos faz pular do precipício
e desligar a gravidade
só para não sentir o ar
naquele singelo instante
assolar nossa vitaliciedade
pelo medo de se propagar
diretamente do nada
para toda a eternidade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Museu da Língua Portuguesa
nos faz pular do precipício
e desligar a gravidade
só para não sentir o ar
naquele singelo instante
assolar nossa vitaliciedade
pelo medo de se propagar
diretamente do nada
para toda a eternidade.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Museu da Língua Portuguesa
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Lástima
A vida vamos vivendo
enquanto o tempo
nos deixa velhos e tristes.
O coração chora carente
enquanto o relento
nos deixa sós e decadentes.
Os sonhos sinto sumindo
enquanto o alento
nos deixa vãos e pedintes.
As pessoas pensando pequeno
enquanto o momento
nos deixa miúdos e fúteis.
A vida
vamos
vivendo
a vida
vamos
vida
vivendo...
As pessoas pensando pequeno
enquanto no tempo
sós e decadentes.
Os sonhos sinto sumindo
enquanto do momento
vãos e pedintes.
O coração chora carente
enquanto ao relento
velhos e tristes.
A vida vamos vivendo
enquanto com alento
miúdos e fúteis.
A vida
vamos
vivendo
a vida
vamos
vida
vivendo...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Sweet Suburban Sky, Paddy Casey
enquanto o tempo
nos deixa velhos e tristes.
O coração chora carente
enquanto o relento
nos deixa sós e decadentes.
Os sonhos sinto sumindo
enquanto o alento
nos deixa vãos e pedintes.
As pessoas pensando pequeno
enquanto o momento
nos deixa miúdos e fúteis.
A vida
vamos
vivendo
a vida
vamos
vida
vivendo...
As pessoas pensando pequeno
enquanto no tempo
sós e decadentes.
Os sonhos sinto sumindo
enquanto do momento
vãos e pedintes.
O coração chora carente
enquanto ao relento
velhos e tristes.
A vida vamos vivendo
enquanto com alento
miúdos e fúteis.
A vida
vamos
vivendo
a vida
vamos
vida
vivendo...
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Sweet Suburban Sky, Paddy Casey
domingo, 3 de junho de 2007
Greve! Greve!
Protesto! Queremos mais Amor!
Pela distribuição imediata do Amor!
Greve! Greve!
Greve nacional de perdedores públicos!
Protesto! Protesto!
Pelo imediato reajuste afetivo e
correção sentimental.
Aumento já! Mais Amor!
Exigimos mais Amor nos cofres privados!
Protesto! Protesto!
Exigimos o descumprimento do acordo conjugal!
Protesto! Pela liberdade e pelo Amor!
Por um plano de beijos e carinho!
Pelo respeito às leis! Pelo respeito às leis do Amor!
Mais Amor! Mais Amor!
Respeitem os menos amados!
Greve! Greve!
Greve por tempo indeterminado!
Greve enquanto faltar Amor!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Vou te levar, Lobão
Pela distribuição imediata do Amor!
Greve! Greve!
Greve nacional de perdedores públicos!
Protesto! Protesto!
Pelo imediato reajuste afetivo e
correção sentimental.
Aumento já! Mais Amor!
Exigimos mais Amor nos cofres privados!
Protesto! Protesto!
Exigimos o descumprimento do acordo conjugal!
Protesto! Pela liberdade e pelo Amor!
Por um plano de beijos e carinho!
Pelo respeito às leis! Pelo respeito às leis do Amor!
Mais Amor! Mais Amor!
Respeitem os menos amados!
Greve! Greve!
Greve por tempo indeterminado!
Greve enquanto faltar Amor!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Vou te levar, Lobão
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Sinédoque
Será de fato aceitável
recorrer aos deuses
para ser mais amável
algumas tantas vezes?
Ou será mesmo no chão
que tudo apodrece
ouve-se um grande não
e nada mais floresce.
Volto a casa, translúcido
deixo o tempo passar
antes de ter-me partido
depois de vê-los ficar.
Sou agora somente eu
num estado desnatural
de pensar efêmero e ateu
acintosamente irracional.
Quero de mim um décimo
do que senti na pele
por isso fujo ao máximo
de tudo que me flagele.
Uma casa, un chauffeur
uma mulher importada
maison au bord de la mer
uma noviça abastada.
Que pr'eu parar de proclamar
e ver se os deuses resolvem
minhas lamentações de amar
já que nem mais me ouvem.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Le Petit Prince, Antoine de Saint-Exupéry
Les Invasions barbares (France, 2003)
Diretor e Escritor:Denys Arcand
recorrer aos deuses
para ser mais amável
algumas tantas vezes?
Ou será mesmo no chão
que tudo apodrece
ouve-se um grande não
e nada mais floresce.
Volto a casa, translúcido
deixo o tempo passar
antes de ter-me partido
depois de vê-los ficar.
Sou agora somente eu
num estado desnatural
de pensar efêmero e ateu
acintosamente irracional.
Quero de mim um décimo
do que senti na pele
por isso fujo ao máximo
de tudo que me flagele.
Uma casa, un chauffeur
uma mulher importada
maison au bord de la mer
uma noviça abastada.
Que pr'eu parar de proclamar
e ver se os deuses resolvem
minhas lamentações de amar
já que nem mais me ouvem.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Le Petit Prince, Antoine de Saint-Exupéry
Les Invasions barbares (France, 2003)
Diretor e Escritor:Denys Arcand
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Incomum
Passou do tato à memória
dizia que não gosta e ela murchou
fez papel de tola,
jogou a toalha mas
ainda assim era de plástico.
Juntos os cacos,
colou os lados, de canto
via-se os olhos entreabertos,
fechando a porta
que restou aberta
depois que o sol se pôs.
E enquanto passava
o trem destoava
com seu barulho novo
de onomatopéia:
viu, sentiu, lembrou
e agora deu saudades.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Carioca, Chico Buarque
dizia que não gosta e ela murchou
fez papel de tola,
jogou a toalha mas
ainda assim era de plástico.
Juntos os cacos,
colou os lados, de canto
via-se os olhos entreabertos,
fechando a porta
que restou aberta
depois que o sol se pôs.
E enquanto passava
o trem destoava
com seu barulho novo
de onomatopéia:
viu, sentiu, lembrou
e agora deu saudades.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Carioca, Chico Buarque
quinta-feira, 24 de maio de 2007
Todo mundo quer...
Todo mundo quer apenas
um pouco de carinho
daqueles bem pequininho,
de fazer cair o chão.
Todo mundo pensa
em fazer muito carinho
mas nem todos querem
fazer papel de bobalhão.
Todo mundo s'imagina
distribuindo carinho
daqueles sem-vergonha
que se tocam de montão.
E todo mundo morre
sem fazer carinho
porque bem atrás da moita
s'escapam da emoção.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
All of me, Billie Holiday
um pouco de carinho
daqueles bem pequininho,
de fazer cair o chão.
Todo mundo pensa
em fazer muito carinho
mas nem todos querem
fazer papel de bobalhão.
Todo mundo s'imagina
distribuindo carinho
daqueles sem-vergonha
que se tocam de montão.
E todo mundo morre
sem fazer carinho
porque bem atrás da moita
s'escapam da emoção.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
All of me, Billie Holiday
segunda-feira, 21 de maio de 2007
Descartáveis
Somos todos nós descartáveis.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"Vontade de me jogar fora!" (Descartável)
Francisco Alvim
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
"Vontade de me jogar fora!" (Descartável)
Francisco Alvim
sexta-feira, 18 de maio de 2007
Confusão
É necessário exprimir em palavras decrescentes o ódio crescente de estar do mesmo modo que foi dito outro dia quando já não se podia dizer em palavras ausentes sentimentos latentes de restar sem coração deturpado que foi onde apenas havia pensamentos dormentes de propostas decentes desencorajadas a ficar naquele lugar que já não existe mais e puro demais para quem não tem a vertente mormente consistente de mandar naquilo que foi alvo de chacotas e anedotas pudera exprimir tamanha revolta por aniquilar qualquer sentimento de perdão e amor para se perder completamente nas coisas da mente e alimentar um ego arrefecido em lágrimas petrificadas por contemplação e dor de não mais ser lembrado por quem deveria lembrar de pensar todos os dias como a gente era contente em manter um e o outro na mente sem trocar as sinapses de lugar para reformular os momentos deprimentes de angústia e labor e arrancar da mente a ira saliente que insistia em amordaçar os calos do amor que você fatalmente deixará.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Cherish, Renato Russo
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Cherish, Renato Russo
quarta-feira, 16 de maio de 2007
Um ser amado...
Um ser amado
devia ser naturalmente
cortejado
e de modo algum
corado
quando belas palavras
escutado.
Um ser amado
devia ser eternamente
idolatrado
e deveras vezes
perdoado
quando erros banais
praticado.
Um ser amado
devia ser simplesmente
cultivado
e todos os dias
adorado
mesmo com amor
fracassado.
Um ser amado
devia ser
acima de tudo
amado!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nostalgia, Eduardo Hansch
devia ser naturalmente
cortejado
e de modo algum
corado
quando belas palavras
escutado.
Um ser amado
devia ser eternamente
idolatrado
e deveras vezes
perdoado
quando erros banais
praticado.
Um ser amado
devia ser simplesmente
cultivado
e todos os dias
adorado
mesmo com amor
fracassado.
Um ser amado
devia ser
acima de tudo
amado!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Nostalgia, Eduardo Hansch
terça-feira, 15 de maio de 2007
Liberte-se!
A solução dos problemas
está no âmago de todos os anseios
dos mortais.
Está em mim, em ti, em você,
todas as respostas que procuramos nós
encontramos na lacuna mais cavada,
no buraco mais profundo,
exatamente aquilo que queremos
e o que pensamos ser,
um objeto anacrônico imerso na
infelicidade de não estar no tempo
e no espaço da resposta
que não quer ser encontrada.
Mas se queremos mesmo ser
aquilo que de fato não é
vivamos agora a mais bela e constante
mutação que poderíamos suportar,
não prescindível de nada,
deveras impenetrável.
Se exigimos de fato ser
as coisas que desejamos viver
naquele dia que não chega,
retiremos dias e anos
desse tempo pródigo de amor
e carinho imediatos,
sentimentalidades que pretendem
de você e de mim e de ti qualquer coisa
melhor que outrora,
coisa própria de si, sem dono
sem espaço definido
para seu âmago se acomodar
e sem tempo,
sem tempo para se curvar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Um céu numa flor silvestre: a beleza em todas as coisas, Rubem Alves
Hurt, Jonnhy Cash
está no âmago de todos os anseios
dos mortais.
Está em mim, em ti, em você,
todas as respostas que procuramos nós
encontramos na lacuna mais cavada,
no buraco mais profundo,
exatamente aquilo que queremos
e o que pensamos ser,
um objeto anacrônico imerso na
infelicidade de não estar no tempo
e no espaço da resposta
que não quer ser encontrada.
Mas se queremos mesmo ser
aquilo que de fato não é
vivamos agora a mais bela e constante
mutação que poderíamos suportar,
não prescindível de nada,
deveras impenetrável.
Se exigimos de fato ser
as coisas que desejamos viver
naquele dia que não chega,
retiremos dias e anos
desse tempo pródigo de amor
e carinho imediatos,
sentimentalidades que pretendem
de você e de mim e de ti qualquer coisa
melhor que outrora,
coisa própria de si, sem dono
sem espaço definido
para seu âmago se acomodar
e sem tempo,
sem tempo para se curvar.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Um céu numa flor silvestre: a beleza em todas as coisas, Rubem Alves
Hurt, Jonnhy Cash
domingo, 6 de maio de 2007
Paisagem
Entre as pedras via-se o retrato escuro da noite.
A estrela, onisciente e solitária, testemunhava
todos os momentos daquela nostalgia sem fim.
Para todo lado silêncio, calmaria surreral e constante.
Nada, absolutamente nada para mitigar o ópio
de se deliciar com o prazer dessa contemplação.
Se fui eu quem trouxe o espírito terno da concórdia
imerso nesse habitat natural dos poetas - o coração
sentido por aves, peixes, sentido por anjos e sereias,
Quero ser para todo o sempre uma espécie de locomotiva
da felicidade, que traz à tona todos esses sentimentos de
ternura e dor, contemplação e ódio - não aflorados até então.
Nas pedras residia ainda o espírito sincero da simplicidade
proveniente daquela singular estrela, formosa fonte de luz
capaz de enfeitiçar todas as coisas e a todos ao seu redor.
O silêncio - interrompido pela locomotiva de sentimentos agora
já aflorados, é substituído por palavras doces, espasmos de
alegria que a todos contagia, com sorrisos de algodão no céu!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Put Your Lights On, Santana & Everlast
A estrela, onisciente e solitária, testemunhava
todos os momentos daquela nostalgia sem fim.
Para todo lado silêncio, calmaria surreral e constante.
Nada, absolutamente nada para mitigar o ópio
de se deliciar com o prazer dessa contemplação.
Se fui eu quem trouxe o espírito terno da concórdia
imerso nesse habitat natural dos poetas - o coração
sentido por aves, peixes, sentido por anjos e sereias,
Quero ser para todo o sempre uma espécie de locomotiva
da felicidade, que traz à tona todos esses sentimentos de
ternura e dor, contemplação e ódio - não aflorados até então.
Nas pedras residia ainda o espírito sincero da simplicidade
proveniente daquela singular estrela, formosa fonte de luz
capaz de enfeitiçar todas as coisas e a todos ao seu redor.
O silêncio - interrompido pela locomotiva de sentimentos agora
já aflorados, é substituído por palavras doces, espasmos de
alegria que a todos contagia, com sorrisos de algodão no céu!
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Put Your Lights On, Santana & Everlast
sábado, 28 de abril de 2007
Alguns sim, alguns também
Se você me pergunta
o que não tem resposta
eu te respondo
a pergunta e alguns
dos seus questionamentos
e também alguns
dos seus questionamentos
eu não te respondo
se você não me pergunta
o que tem resposta.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Portão, Erasmo Carlos & Paula Toller
o que não tem resposta
eu te respondo
a pergunta e alguns
dos seus questionamentos
e também alguns
dos seus questionamentos
eu não te respondo
se você não me pergunta
o que tem resposta.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
O Portão, Erasmo Carlos & Paula Toller
terça-feira, 24 de abril de 2007
Batalha Contra a Corrente
Pode chegar o momento
em que todos os deuses
conspiram contra você!
Pode chegar o dia quando
somente tentar resolver
já não é mais o bastante!
Pode chegar a hora em que
toda experiência acumulada
não significa vantagem sua!
Nesses momentos, ou você
pede anistia a Deus e reza,
ou enfrenta logo o mau, sem
sem medo de ser derrotado.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Get Rhythm, Jonnhy Cash
em que todos os deuses
conspiram contra você!
Pode chegar o dia quando
somente tentar resolver
já não é mais o bastante!
Pode chegar a hora em que
toda experiência acumulada
não significa vantagem sua!
Nesses momentos, ou você
pede anistia a Deus e reza,
ou enfrenta logo o mau, sem
sem medo de ser derrotado.
Rodrigo Sluminsky
+++ Etecetera
Get Rhythm, Jonnhy Cash
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